Frei Dimão retorna - e o caldo entorna

Vem surgindo o amanhecer

as batidas são paulatinas

pro maligno não aparecer

convém rezar as matinas

Este literal Recanto

anda pura perdição

que nem o virginal pranto

lhe traz mais redenção

Desgarradas andam as ovelhas

pastando grama proibida

e se me já coçam as orelhas

é de cada uma mais perseguida

Tudo faço pra reunir a grei

lançado sementes de amor

mas pelo jeito o Xisto-Rei

nem mais liga pra ser Senhor

Recomendo mais clausura

para encantoar o pecado

mas só pensam na picadura

com o maligno ao seu lado

Já obrei misericórdia

para esse indigno rebanho

que vendo a cobra morde-a

e só de veneno tem ganho

De Monay já se mandou

pro longínquo Kathmandu

na certa para lá levou

corrompido meu tsuru

As batinas que vieram de Roma

andam todas já bem puídas

Nanda, que espíritos doma

já não dá mais suas cerzidas

O báculo todo ensebado

de pátina que nunca vi

já foi deixado de lado

quando outro cetro atraiu Momi

No calor da diária luta

também não acha saída

a musa que disso luta

outrora santa, a perseGuida

Vou conversar com Francisco

pra formar um apostolado

mas ele anda meio arisco

pra me fazer bem Prelado

De oração precisamos

senão o pecado aumenta

mas co'as pimentas do Wramos

o calor só incrementa

Andam fracas as vocações

para novo noviciado

o Recanto é só senões

e tanto poeta (des)viado

As musas andam ariscas

só pensando em aparecer

e desde as eras mais priscas

tudo botam pra fu...megar

Subirei ao céu com Elias

em seu carro de fogo

e com umas notas frias

vamos dar um break no jogo

O Pai há de compreender

que não está fácil a vida

pois chega a ser de doer

inflação, droga e bebida

E de pensar que tudo

se resolveria num ato

pra que pensar em estudo

se temos um lava-jato?

Meu grosso círio votivo

que boa alma venha acender

enquanto boto o robativo

pro guarda não me prender

O cajado anda à espera

do ósculo virginal

que mantém acesa a quimera

da volta do Pai celestial

Presta, pia e judiciosa, a ovelha De Monay desperta-se para a oração,

compungindo-se pronta a ajudar o monge de quem andava longe, louvando em antífonas e antífodas:

Vem surgindo um novo dia\\

para um delicioso café\\

e até o frei que não se via\\

já tá de mangueira em pé\\

este recanto é de azaração\\

tem muito xaveco esparramado\\

as ovelhas buscam pela unção\\

e rogaremos pelo frei que é tão (m)amado\\

ovelhas arredias é o que se vê\\

só sabem namorar recantistas\\

mas Dimão, santinho que crê\\

em nome de gizuis, trará o oculista\\

tua grei anda dispersa e foge\\

vamos orar para as tresmalhadas\\

do contrário o frei não p(f)ode\\

com tanta beldade espalhada\\

moças que se perdem a toa\\

e não voltam para a clausura\\

Dimão até preparou uma bro(nh)a\\

para o café das moças que vivem nas loas\\

De Monay fugiu há an(u)s\\

cansou de só tocar no círio\\

agora quer a pimenta do WRamos\\

que nela causou delírio\\

mas o ósculo De Monay dará\\

o duro cajado que aguarde\\

e no mais o Pai tudo fará\\

reunirá toda a grei, pelo furo que arde\\

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 11/08/2015
Reeditado em 11/08/2015
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