ESCORREGANDO DE FININHO...
Fui contar sílaba tônica
pra não perder o compasso
Porém uma poesia afônica
comprovou que sou cabaço!
Troquei ditongo por hiato
numa puta confusão
Na contagem fiz um gato
passei de poeta a ladrão!
Se alguém puder me ajudar
a me livrar desse enrosco
Mostre-me como contar
para deixar de ser tosco!
Ao começar só escrevia
tudo dentro de forminha
Na vertical minha poesia
mantinha a linha retinha!
Não me arrisco no soneto
Temo que vire um espeto
Assem-me com carbureto
Galeto num churrasqueto!
Quando faço comentários
tenho que tomar cuidado
Pois em termos literários
eu sou bem despreparado!
Vou publicando cordel
que pouca gente quer ler
Quando sujar o papel
quase ninguém vai saber!
Ai meu Deus, o que fazer
perante tanta arrelia?
Acho que vou me esconder
no São João da Bahia!