SURUI-PAITER, UMA TRIBA INFORMATIZADA

Antes que acabem todos

Os índios da Amazõnia

E acabem com a floresta

Sem a menor cerimônia

Vou em versos descrever

A tribo Surui-Paiter

Do Estado de Rondônia.

Antigamente a Amazõnia

Aos índios pertencia

Já mataram quase todos

Culpam a tecnologia

Muitas tribos pereceram

E os que sobreviveram

Vivem em desarmonia.

Falam em democracia

Funai, não sei mais o que

Dizendo que faz de tudo

Pra o índio sobreviver

Mas a dura realidade

É extinção, mortandade

Sem nada a lhes proteger.

Tribo Surui-Paiter

É uma constatação

Da falta de interesse

Dos poderes da Nação

E quem era numerosa

Hoje vive em polvorosa,

Está quase em extinção.

A sua população

Quando viviam isolados

Eram quase cinco mil

E hoje, desalentados,

Vivendo em grande tormenta

São duzentos e cinquenta

E todos civilizados.

Os Suruís do passado

Grupo indígena brasileiro

Em Rondônia e Mato Grosso

Eles tem seu paradeiro

Eram bem desenvolvidos

Hoje vivem perseguidos

Por colono e madereiro.

Ocupando por inteiro

Área interestadual

Aripuanã, Mato Grosso

E em Rondônia Cacoal

Caça, pesca, plantação

Também a fabricação

De produto artesanal.

Suruí, nome legal

Desde a antiguidade

Se denominam «Paiter»

Que é «gente de verdade»

«Nós mesmos». significa

Que em seu dialeto indica

Sossego e tranquilidade.

Primeira proximidade

Com o homem branco se deu

No ano sessenta e nove

Aí tudo aconteceu

Como antes não acontecia:

Alcoolismo, epidemia

E muito índio morreu.

Muita coisa aconteceu

Por causa das invasões

Dos donos de madereiras

Mas apesar das pressões

Sobre os Suruí-Paiter

Eles conseguem manter

Muitas de suas tradições.

Segundo declarações

Do chefe Almir Suruí

«Desde a primeira vez

Que o branco chegou aqui

A nossa sociedade

Passa por dificuldade,

Mas não vamos desistir.

Eles não vão conseguir

Me expulsar desse chão

O nosso espírito guerreiro

Luta com garra e paixão

Pois nós somos brasileiros

Não vamos temer posseiros

Nem madereiro ladrão.»

Com essa declaração

Almir foi ameaçado

Por coronéis fazendeiros

Ele foi pressionado

Mas a Força Nacional

Da região de Cacoal

Tem ele sempre escoltado

Pela ECAM foi levado

Até os Estados Unidos

Fez parceria com o Google

E voltou fortalecido

Seu pessoal hoje em dia

Com a tecnologia

Tem sido bem sucedido.

Mesmo sendo perseguido

Mas ele não esmorece

A tribo informatizada

Mais e mais se fortalece

Aprendem cartografia

Postam suas fotografias

E o mundo inteiro os conhece.

O uso de GPS

Ajuda a preservar

A floresta que os grileiros

Insistem em desmatar

«Porém não há movimento

Que evite o desmatamento»

Faz questão de ressaltar.

«Eles querem me matar

Me tirar da região

Mas eu ainda acredito

Nos poderes da Nação

No dia que eu morrer

Outro Suruí-Paiter

Assume minha posição.

Manter nossa tradição

Sei que é um trabalho duro

Mesmo contra os potentados

Que trabalham no escuro

- E finaliza dizendo -

Mal nenhum estou fazendo,

Só quero nosso futuro.»

SIGNIFICADO DE ALGUMAS

PALAVRAS E EXPRESSÕES

DESSE POEMA

Em polvorosa - em desespero

Sessenta e nove - 1969

ECAM - Equipe de Conservação da Amazônia, uma

Ong (Organização não governamental)

GOOGLE - Órgão norte americano, o maior portal de

notícias virtuais do mundo.

GPS - é a sigla para Global Positioning System: sistema

de posicionamento global. Apesar de ser muito

conhecido, diversas pessoas não sabem como

funciona o GPS.

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 12/07/2015
Reeditado em 14/07/2015
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