DESCARGA POÉTICA

DESCARGA POÉTICA
Jorge Linhaça
17/07/2007


Oia aqui "armas" viventes
tô qui mó di cunta um causo
vô contá assim num repente
nem curto nem longamente
mó di num entupir o vaso.

Contece que dia qualqué
pertinho aqui di casa
ouvi di uma muié
isposa du compadi Zé
uma históra muito ingraçada

Ela disse que um poeta
que andava desanrajado
desceu da sua bicicreta
cum a cara ciscunspecta
e um tanto agoniado

Pediu pra ir na casinha
as perna ja bambeano
quereno fazê uma faxina
correu logo na latrina
us intestino alivianu

Contece qui o lascadu
pra nun dá parte de fraco
se fez de desencontradu
dizenu que tava arretadu
por conta di um disparatu

Disse que era tanta poesia
que havia dentro de si
que não mais conseguia
conter a imensa agonia
dos versos a escapulir

De estrofes emprenhado
sem espaço pra mais nada
foi pelas cólica tomado
-o desastre anunciado-
e teve de fazer parada

O parto de suas letras
foi a descurpa encontrada
pra infestar a saleta
cum chero pió que o capeta
numa fedentina danada

Ara, se os tar dos peoma
tenh um cheiro tão ruim
só me resta é ter pena
- e rezar, fazer novena-
valha-me são valentim!

Inda bem qui num foi iscrita
nenhuma linha desses verso,
imagine a gente contrita,
que tivessi intão a desdita
di uns poema tão perverso.

Havéra di si ajoeiá
rezá pra todos os santos
í mó di o xero ispantá
alfazema tê di ispaiá
na casa , nos quatro cantos.