A TRAÍRA QUE DEVOROU O GALO

A TRAÍRA QUE DEVOROU O GALO

Na cidade de Cupira

Cidade interiorana

Lá do nosso Pernambuco

Houve uma luta bacana

Dum galo contra a traíra

Eita! Batalha grandona!

O galo era afamado

Não perdia pra ninguém

Mas levou foi uma pisa

Que até hoje lembro bem

Quem bateu foi a traíra

Isto virou um desdém.

O galo tinha perdido

Uma eleição para o guarda

Mais depois ganhou de novo

Dando uma grande virada

Ganhou com mais de mil votos

Ganhando essa cartada.

-01-

O galo cantou de galo

E logo foi se gabar

Disse: “Em Cupira não tem

Ninguém pra me derrotar”

Apareceu a traíra

Querendo lhe confrontar.

Começou a tal campanha

Era grande a agitação

O galo sempre dizendo

Eu não perco essa eleição

A traíra foi crescendo

Junto com o seu povão.

A eleição ficou dura

O galo foi se perdendo

Seus eleitores fugindo

A traíra só crescendo

O galo desesperado

Dinheiro foi oferecendo.

-02-

Os comícios da traíra

Eram sempre arrastões

Com milhares de pessoas

Em grandes animações

Com o povo de Cupira

Em suas agitações.

Já os comícios do galo

Não tinham quase ninguém

Só estavam lá pessoas

Compradas por um vintém

Um litro de gasolina

Uma camisa também.

No comício da traíra

Era grande animação

Todo mundo vinha ouvir

O discurso, a oração

Do prefeito bem amado

Por toda uma nação.

-03-

Já no comício do galo

O povo era de fora

Mal começava o comício

O povo ia embora

O galo ficava só

Esperando sua hora.

O comício da traíra

Foi chamado arrastão

Todo mundo de vermelho

Verdadeira multidão

Festa da nação vermelha

A maior da região.

Começou chamar o povo

De traidor, de traíra

Daí veio esse nome

Que complicou sua vida

O galo começou ver

Que não tinha mais saída.

-04-

A eleição ficou próxima

Todos queriam apostar

Alguns davam dois mil votos

Ninguém queria acreditar

Todo dia os eleitores

Vinham pro lado de cá.

A campanha da traíra

Ficou forte pra chuchu

O galo já derrotado

Ficou meio jururu

A traíra ficou perto

De quebrar esse tabu.

O galo ficou xingando

Todos correligionários

Chamando todos de burro

De traíra, de otários

E o povo se revoltou

Ficando ao galo, contrário.

-05-

O galo era o onze

O doze era a traíra

Brigando pra se elegerem

O prefeito de Cupira

A traíra era instruída

O galo era um caipira.

Quando um falava é 11

Dez falavam que era o 12

É 12, é 12, é 11

É 11, é 12, é 12

E o galo ainda querendo

Se sair bem nessa pose.

O galo ameaçou

Em um tom bem abstrato

Chamando seus eleitores

De covardes e ingratos

Dizendo que no final

Dava o pulo do gato.

-06-

O povo então teve medo

Desse tal pulo do gato

Já perto da eleição

Aconteceu este fato

Mas a traíra segura

Disse: “O galo eu arremato”.

O pulo do gato foi

Uma tremenda mentira

O prefeito que era o galo

Perdeu feio pra traíra

Levou mais de 6 mil votos

Do prefeito de Cupira.

Esse tal pulo do gato

Serviu só de gozação

Depois da derrota histórica

O galo teve a lição

Não menosprezar ninguém

Pra não ter decepção.

-07-

O prefeito de Cupira

Senhor Sandoval de Luna

É um prefeito honesto

Forte igual uma braúna

Conquistou o nosso povo

De maneira oportuna.

E pra quem não entendeu

Esta sutil narração

Esta foi a minha história

Dessa grande eleição

Da cidade de Cupira

Onde o galo e a traíra

Lutaram com emoção

Galo era o ex-prefeito

Traíra o prefeito eleito

Agradeço a atenção.

-08-

Carlinhos Cordel
Enviado por Carlinhos Cordel em 10/07/2015
Código do texto: T5306724
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