Se pobre coça a cabeça (uma homenagem à poetisa Ângela Faria)
Vou fazer uma analogia
Inspirada numa poeta
É a Ângela Faria
Inteligente e esperta
Ela fala do piolho
Que chafurda desde o olho
Isso serve de alerta
Dá no pobre e dá no rico
Até o pobre do jerico
Se brincar ele acerta
Mas o povo adulador
Diz que o rico é isento
O pobre é quem tem de ror
Não é causo que eu invento
Faz até comparação
Que até dói no coração
Falar disso eu lamento
Se pobre coça a cabeça
Pode ser que não pareça
Ou é maluco ou sarnento
Já quando coça o rico
A cabeça assim de lado
Não é sinal de fuxico
Nem sinal de preocupado
É só mesmo uma mania
Diferente da agonia
Que dá no pobre coitado
Se pobre coça a cabeça
Pode ser que não pareça
Tá de piolho infestado
E quando o pobre esfolia
A cabeça assim em torno
O pessoal desconfia
De assalto ou de suborno
Fala até que está devendo
Que a cabeça está fervendo
Quente mais do que um forno
Se pobre coça a cabeça
Pode ser que não pareça
Ou tem piolho ou é corno