Frei Dimão exorta o Recanto à doutrina
Batendo de porta em porta
sigo atrás de minha grei
e se o facurismo não corta
u´a multidão reunirei
Bem claro é meu objetivo
e por razão salutar
do ensinamento cativo
meu dever é doutrinar
E foi o Pai que assim o quis
e cumpro minha missão
elevar tanto infeliz
ao gozo do Pai-patrão
Gente deixando o Recanto
como gente nova que chega
mas pro meu grande espanto
isso vira tragédia grega
Kathie já mais não reza
deixou meu círio apagar
para uma irmã que se preza
isso não pode continuar
Nanda passou-me as batinas
contudo não as pendurou
as traças chegaram traquinas
e o monte se pulverizou
A perseGuida zeladora
de meu sagrado cajado
tornou-se a maior viajora
do Mato não capinado
Tine anda se exibindo
como carmelita descalça
embora de pisar lindo
sem hábito isso não realça
Vejo que chegou Momi
com fama namoradeira
se ela pintar porraqui
da clausura fecho a porteira
A campineira Agladável
imergiu-se na solidão
achando que é dispensável
rezar muito e confissão
A dama dos pequizais
bem podia fazer um licor
para os gozos celestiais
deste humilde benfeitor
Abá Morena ainda bem jovem
pode iniciar o noviciado
até que suas virtudes provem
que pode vencer o pecado
Zibetti falou em sair
cansada do recantismo
contudo vou lhe proibir
e metê-la num catecismo
Os namoros de portão
são práticas condenáveis
têm minha desaprovação
mais que as bonecas infláveis
As agarrações de paiol
que margem dão a intrigas
com peneira tapam o sol
e fazem salientes as espigas
Ofereço assim círio grosso
à mais virginal obreira
que fuja do alvoroço
e co´ele não faça besteira
Também falo do cajado
símbolo do bom pastar
carente de todo cuidado
duma serva do senhor
E quando chegar a hora
das abluções vespertinas
agarro nossa sem hora
para a emoções mais divinas
O jorro do Pai eterno
de bênçãos que nunca acabam
darão cabo ao vil inferno
onde capetas se enrabam -
e muitas virtudes desabam