Merecido fim
(Fiz esse cordel em forma de sonetos. Espero que gostem. Abraço)
Quando chegou o momento
Disse adeus ao nosso mundo
Aceitou o divino julgamento
O senhor ator, moribundo
Na vida, ele muito atuou
Viveu de forma artificial
Ao povo, sempre enganou
Agora sofre o juízo final
Desesperado com a situação
Tenta mais uma atuação
Que não é bem sucedida
Percebendo toda encenação
O santo faz uma refutação
E ordena a sua descida
Ao chegar a terra quente
O morto procura a autoridade
Exige ser tratado diferente
Quer conforto, dignidade
“Quem és tu para algo exigir”?
Fala o cão com perversidade
“Em vida, só fizeste mentir”
“Hei de tratar-te com reciprocidade”
“Prometo um dia melhor para ti”
“Faço-te por um instante sorrir”
“Mas te maltrato pela eternidade”
“De mim, não tens como fugir”
“Sou o político e o juiz daqui”
“Sou a própria improbidade”
“Que tal um acordo parlamentar?”
Sugere o deputado no desespero
“Posso ser aliado, de graça ajudar”
“Na terra fui um ótimo conselheiro"
“Realmente é impossível acreditar”
Fala rindo o satã bem verdadeiro
“Você querer de graça se aliar?”
“És um lobo, fingido ser cordeiro”
“Vais no fogo pra sempre queimar”
“Até um dia quem sabe apagar”
“O que fizeste quando eras inteiro”
“Sou o grande mestre em enganar”
“Nunca acredite no que vou lhe jurar”
“Minto mais que você, cabra garapeiro”
Assim, na marra aprendeu a lição
O político enrolador, trapaceiro
Viveu de discurso, vendeu ilusão
Com isso ganhou muito dinheiro
Tarde demais veio a se arrepender
Pois viu que não tinha mais jeito
Ia no inferno pra sempre sofrer
Era a única coisa que tinha direito
Sequer a Deus pra intervir pediu
A porta do inferno logo se abriu
E neste lugar cabisbaixo entrou
Atrás do cabra, o diabo sorriu
Com o tridente sua bunda feriu
E o primeiro grito, o político soltou
Sofrendo para sempre no além
Vai pagar por tudo o que fez
Na vida nunca, nunca fez o bem
O tormento dele chegou de vez
Queimado, sofrendo chicotadas
O político chora entristecido
Lembra-se das suas roubadas
Por causa disso está fodido
Ouve o Diabo na sua costa
“Filho, isso não mais importa”
“Vem aqui, tenho algo pra você”
“Veja aquele monte de bosta”
“Para o que pensas é a reposta”
“Nade ali que eu quero ver”
Pela manhã, na piscina afogamento
Depois a sauna do inferno
Sem descanso um só momento
Paga pelo que fez o homem de terno
À tarde, sobe montanha espinhosa
Até o corpo completamente sangrar
Uma forma do satã bem carinhosa
De o escroto político castigar
Este nunca imaginava que um dia
Ia sofrer tamanha dor, agonia
Viver morto seus pecados a queimar
Teve na terra riqueza, alegria
Ganhou isso com demagogia
E agora está tendo que pagar
Tendo o diabo como companhia
Não há acordo parlamentar
Embaixo da terra sofre sem regalia
Sem nenhum jeitinho pra ajudar
E vejam só que tamanha ironia
Lá, alguns eleitores, ele encontrou
Jamais por sua cabeça passaria
Ser vingado por quem tanto roubou
Os eleitores também lhe infligem dor
Ficaram encarregados do social ator
É no inferno, deles a única satisfação
Viraram uma espécie de assessor
Com a função de oferecer horror
Àquele que viveu de corrupção
E o diabo todo dia faz um discurso
Com poder, faz uma cruel trama
Faz bem das palavras o seu uso
Majestosamente, o safado engana
Ao cabra, mundo e fundos promete
Deixa o político muito esperançoso
Depois propositalmente tudo esquece
O besta fera, satã, cão tinhoso
Isso serve como uma boa lição
Pra quem pensa com a corrupção
Viver e enriquecer ilicitamente
Viva correto, tenha bom coração
Se não também vais viver com o cão
E sofrer a vida toda, eternamente