TRAUMA DE MENINO

TRAUMA DE MENINO

Jorge Linhaça

Quando eu era pequenino

tinha os olhos bem azuis

levei um susto danado

Cruiz credo , ai Jesuis...

Vi uma aranha escondida

na calçinha da empregada

nunca me esqueci na vida

como era peluda a danada

A lascada abria a boca

e botava a língua pra fora

a empregada parecia louca

me mandando ir embora

O veneno viscoso escorria

pelos cantos da aranha

a pobre empregada gemia

em uma angustia tamanha

Tentava matar a aranha,

os dedos nela metia,

era uma cena estranha

a aranha os engolia.

Eu fique traumatizado

com aquela cena real

e se vejo aranha ao lado

meto logo nela o pau.

Tem aranha resistente

que precisa de muita paulada

até parar finalmente

de ficar no pau agarrada

Tem aranha mais fraquinha

que logo fica combalida

é so meter o pau, coitadinha,

que desmaia entorpecida.

E tem as que não tem jeito,

correm fugidias do pau,

em outra aranha se agarram,

pra brincar o carnaval.

Mas ouçam o que lhes digo,

pois caçador não se engana,

vejam só o eterno perigo,

viver com aranhas na cama.