Histórias do Sertão
Já faz tempo, muito tempo, que nem o tempo sabe quando foi, que um bando de cangaceiros saiu por esse meu sertão. Temido por todos, inté pelo governador e seus policia, que o bando, nesse torrão de terra que só latifundiários queriam mandar, que o grupo se pôs na caatinga para mostrar ao povo que terra que Deus a todos deu, ninguém pode dela se apropriar.
E não é que a ordem pública, ocupada por homens de confiança do governador e também do outro lá do Federal, mandou tropas a procurar o bando que na caatinga se escondia. mandou a todos exterminar.
Numa manhã, ninguém sabe se de muito cedo ou ainda de noitinha, o bando do governador, todo ele feito de pobres e miseráveis cidadãos, de arma em punho, se pôs a averiguar a redondeza. Não tardou muito, ninguém sabe por quanto tempo se deu, que os policia, igualmente famintos e esfarrapados, abre sobre o bando do cangaceiro, que dormia sob a proteção da lua que já ia e dava passagem ao sol, e lançou sobre toda gente a munição que tinha.
O zunido das balas cortaram inté os galhos dos arbustros; foi uma correria tamanha que ninguém sabia de onde vinha tanta gritaria.
Não se sabe por quanto isso se deu, mas, tão logo o silêncio se instalou, os corpos daquele grupo de cangaceiros se fez notícia.
De volta à cidade, espalhou-se sobre uma pedra, as cabeças. Elas foram exibidas e fotografias foram feitas e mandadas para o governador e o ocupante do Federal.
Não se sabe quanto faz, faz tanto que o tempo nem lembra mais, mas, o que se sabe que o bando, inté hoje, é lembrado por todo o sertão, e o governador e o do Federal, ninguém sabe quem é.