UM MILAGRE DE SANTO ANTÔNIO
Esta é minha primeira tentativa de fazer um Cordel.
Peço àqueles que entenderem do riscado que o critiquem e me dêem as dicas necessárias para aperfeiçoa-lo.
A todos que o lerem peço que comentem dizendo o que acharam.
Obrigada!
UM MILAGRE DE SANTO ANTÔNIO
No Arraial Santo Antônio.
Ia animada a festança
Canto, reza, foguetório
Arrasta-pé, comilança.
Maria estava dengosa
Com seu vestido de chita
Nos cabelos, uma rosa,
Na cintura, laço de fita.
Encontrar um bom partido
Era o sonho de Maria.
Arranjar um bom marido,
Não ficar para titia.
O enxoval caprichado
Já preparara a Maria
Lençol de morim bordado
E a camisola do dia.
Monograma desenhado
Em forma de coração
Toalhas de saco alvejado
Almofadas de chitão.
Tudo feito com carinho
E num baú bem guardado
Estava tudo prontinho
Só faltava o namorado.
***
João estava porre ta
Com a camisa axadrezada.
Gravatinha borboleta
Botina bem engraxada
Mas não estava contente
Livre e solto, à vontade,
Começava a ficar carente
Se cansar da liberdade
Tinha ganho um bom trocado
Com sua roça de milho
Já estava preparado
Para ter mulher e filho.
Quando cruzou com a donzela
Seu coração disparou
Teve certeza ser ela
A mulher com que sonhou
Ele olhou para ela
Ela fingiu não ver
Ela sorriu pra ele
Que fingiu não perceber.
Pra recatada mostrar-se
Maria fitava o chão.
João temia aproximar-se
E levar na cara um “não”.
E a noite ia passando
Em breve seria dia
E o encantamento acabando
Para João e Maria.
Santo Antônio impaciente
Com tamanha indecisão
Resolveu ser eficiente,
Dar um pequeno empurrão.
Numa pedra que não via
O João escorregou.
Bem em cima da Maria
Que sem querer o abraçou.
- Que susto! Que maçada!
Machuquei você? Perdão!
-Não se avexe, não foi nada.
Foi somente um arranhão.
-Se não tem ressentimento,
Dança comigo esta moda?
E dali a um momento
Os dois já estavam na roda.
- O que estava ao meu alcance,
Eu fiz, diz o Santo, ora, pois,
Agora este romance
Fica por conta dos dois.