O LOBISOMEM.

Cordel

Por Honorato Ribeiro.

Diz a lenda barranqueira

Quem tem sete filhos homens

O caçula é destinado

Pra virar o lobisomem

Diz a lenda que o mais velho

Tem que batizar o velo

Que quebra o encanto do nome.

Se o mais velho não batizar

O seu irmão caçula vira

Um grande cachorro fera

E o encanto dele não tira

Sai todas as sextas-feiras

Rola na cinza e a poeira

E o lobisomem já mira.

Onde ele vai pegar a presa

Pra comer o seu pirão

Uiva tal lobo faminto

Em noite de escuridão

Crianças que estão dormindo

Assustam do uivo bramido

Do lobisomem papão.

Os cachorros correm loucos

Com medo de ser comido

Pelo enorme cachorrão

Se não correr sai ferido

Pois a presa dele é forte

Bem aguda e faz a morte

De quem sai bem escondido.

A família que tem filhos

Mas nenhuma mulher não

Se tiver sete o caçula

Na certa há transformação

Vira logo lobisomem

Dos sete filhos só homem

Vai fazer assombração.

Essa crença ainda existe

Filho que cresce pagão

O mais velho é o padrinho

Pra não virá um lobão

Se não batizar depressa

Pode fazer a promessa

Que vai ter transformação.

Veja a característica

Do lobisomem ser cão

Se emborralha no monturo

Rola todo pelo chão

Logo se transformará

Num cachorro pra pegar

Na noite de escuridão.

Cria cabelo qual lobo

E come quem encontrar

É carnívoro qual onça

Uiva qual lobo a ladrar

Quem sabe não sai à rua

Mesmo tendo no céu a lua

Fica em casa a sossegar.

Que rato vira morcego

E lagarta borboleta

Essa é a metamorfose

Mas que cão vira capeta

Tem que ir à encruzilhada

Bota galinha assada

E o bicho vira maneta.

Sai mancando duma perna

Vai pra casa claudicando

Todo mundo desconfia

Por que ele está mancando?

Ele é o tal do lobisomem

O garoto já é homem

E o boato foi espalhando.

A avó do garoto à noite

Ouviu um barulho e saiu

Para ver o que o que seria

Viu i cachorro que latiu

Comendo carne um lobão

Era o lobisomem cão

Meteu-lhe o pau ele fugiu.

Era um cachorro enorme

Que quase a velha assombrou

De ver um cachorro tão grande

Nunca viu igual e bradou!

Será que bicho é aquele?

O lobisomem será ele?

Foi dormir, mas se lembrou.

Lembrou que o povo falava

Que o lobisomem havia

Ela bem desconfiava

Do neto sempre saia

À noite olhava a cama

Do neto ela grita e chama

Mas ele não respondia.

Era toda sexta-feira

Ele saia bem devagar

Pra virar em lobisomem

E ao povo assombrar

Do barulho que ele dava

E o povo todo acordava

E os cachorros a ladrar.

Quando o dia amanheceu

O neto chegou mancando

Da paulada que deu a avó

Claudicando e lamentando

Mas a avó lhe perguntou

Por que manca? Então olhou

E saiu se desculpando.

Mas a velha disse: Quê?!

É verdade que o meu neto

É o tal lobisomem mesmo!

Ferido por mim, bem certo...

Por isso ele sai quietinho

Sai da cama de mansinho

Segue seu caminho reto.

Vou terminar minha história

Do lobisomem que é lenda

Depois eu contatarei outra

Para encher toda sua agenda.

Se acreditar nesta história

Ficarei pleno de glória

Obrigado, minha prenda.

hagaribeiro.

FIM.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 27/05/2015
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