Cordel Decassílabo
A mulher é minha prima
Eu também sou primo dela
Nós temos três filhas belas
Por elas, a gente prima
A minha mais velha, rima
Também a rapa de tacho
A do meio também acho
Que se tentar vai rimar
Não custa nada tentar
Em casa, só eu de macho.
Eu sou muito bem casado
Na igreja, no cartório
não gosto de falatório
Sou bastante reservado
Gosto de ficar calado
Eu prefiro mais ouvir
Procuro não discutir
Pois evito desavença
Eu respeito a diferença
Sei entrar, também sair.
Fui da roça, fui roceiro
Já cortei muito capim
Arranquei bastante aipim
No tempo do petisqueiro
A luz era candeeiro
A água vinha da fonte
Também eu cortei um monte
De cana pra dá pro gado
Eu ficava deslumbrado
Contemplando o horizonte!
Nesse tempo a maioria
Dos colchões eram de molas
E merendas nas escolas
Só em poucas, existia
Mas palmatórias, havia
O mestre era respeitado
Porém dinheiro minguado
Como ainda permanece
Bem menos era o estresse
O natural, mais usado.
O meu Deus é o meu escudo
Eu sem Ele, não sou nada
Vou seguindo na estrada
Meu Deus para mim é tudo
Não fui longe no estudo
Só tenho o segundo grau
O salário vem do sal
Sal faz parte do tempero
Sal custa pouco dinheiro
Mas em excesso, faz mal.
O grande poeta, amigo e conterrâneo Stelo Queiroga assim interagiu:
Decassílabo com arte
É este que encontro agora
Não consigo ir embora
Sem tentar o meu aparte
Confesso que imitar-te
É desafio gigante
Insisto não obstante
Pois não resisto é da sina
És o maior de Campina
Com teu versar deslumbrante.