Expurgo

Meu bem vindo é quase adeus

A esperança, atrofiada

Sou árvore que não morreu

Mas desfolha antecipada

O sol encoberto meu

Breve prenúncio do breu

Por pouco ilumina o nada

É por causa dessas lutas

Contra impossibilidades

Previsíveis mas astutas

Alheias a minhas verdades

Que se impõem absolutas

Prepotentes, grossas e curtas

E humilham minhas vaidades

Repetem-se junto ao tempo

Como se fossem amigos

E eu, estranho ao evento

Pelos cantos as persigo

Pra descobrir um momento

Que o impossível ao relento

Tempo demais sonhe comigo

Esses noz que só me excluem

Que desato em desespero

Que ao acaso atribuem

Quando me dão seus conselhos

Sei que mais e mais influem

Incentivam e contribuem

Pra que eu os veja no espelho

Sei que tudo se interliga

Que sou eu que não vingou

Porém essa consciência

É o seu próprio vetor

Que talvez a inocência

O querer de não ter ciência

Expurgue de mim o que sou