O trabalho.
Faço parte do destino
Hoje estou a lhe falar
Pra você eu sou contínuo
Muito evito o recordar
As vezes que foi ladino
E também se teve azar.
Sempre que ouvir falar
Não se foge do destino
Não se deve acreditar
Isso é coisa de menino
Seu destina vai traçar
Enfrentando o sol a pino.
Seu trabalho lhe dá nome
Dá também bom sentimento
Não lhe deixa passar fome
Faz ser nobre todo o tempo
Mesmo o luto no qual some
Não lhe põe o nome ao vento.
O trabalho é a própria vida
Pois sem ele não se vive
Mesmo dura a nossa lida
Nele a vida sobrevive
Ao ócio não dê guarida
Prefira ser alguém livre.
Nossa vida é muito longa
Mas é pouco conhecida
Se põe tempo na delonga
Demonstrando estar vencida
Ou então na vil candonga
Mesmo assim vai ser medida.
O trabalho nos dá tempo
Para ouvir o nosso eu
Se não for esse o intento
Veja o tempo que correu
Mesmo havendo algum lamento
Muito mais você viveu.
Faça do trabalho um santo
Lhe afague a vaidade
Ele foi seu acalanto
Lá na sua mocidade
Também lhe secou o pranto
Ao chegar à sua idade.
O trabalho não dá vício
Muito menos confusão
Quando estamos em serviço
Passa a ser só distração
Ao azar damos sumiço
Dando lucro ao patrão.