SÃO FRANCISCO DE ASSIS- A FACE DO SOBERANO-ULTIMA PARTE
Perplexos, disto, eu sei 76
Ficaram os circunstantes
Da posição do jovem
Que em tão poucos instantes
Desprendia-se de tudo
De coisas fantasiantes.
Os olhos do povo brilhantes77
Perplexos observava
Aquela santa alegria
Que todos contagiava.
E passou em meio à turva
A qual lhe aglomerava.
E o bispo lhe abraçava78
Com bastante emoção.
Percebera sobre tudo
A divina inspiração.
Ao cobrir sua nudez
Deu sinal de proteção.
Sem temor e hesitação79
Saíra dali contente.
Sentira que mais não era
Preso, fraco, dependente
De um regime medíocre
Que lhe atrofia a mente.
E vai-se ao bosque a frente80
Onde cantavam os pardais,
Um lugar tão majestoso
Com primores naturais,
Pra buscar seu refúgio,
Mastigar seus ideais.
Seus dotes espirituais81
Fizeram- no retornar
Àquela simples capela
Onde ouvia alguém clamar
Repara a minha Igreja
Que o tempo pode acabar.
E começando a catar82
Pedras por ruas a fora,
Atendera ao pedido
Do senhor que implora
Para ajeitar sua casa
A qual, no tempo, se evapora.
A sua vida agora83
Luzia com nova luz.
Pois havia percebido
Que a pessoa era Jesus.
E resolveu ajudar
A carregar sua cruz.
O seu encontro c’oa a cruz84
Traçou-lhe tanta surpresa.
Primeiro foi um amigo
Que lhe tratou com fineza,
Depois a própria vida
Lhe imcubira de defesa.
Havia na redondeza85
Um leprosário penoso
Onde pôde observar
Um Jesus tão doloroso,
Não na pintura em tábuas
Mas na carne do leproso.
Seu coração generoso86
O prende por completo.
Ficava ali vários dias
Fazendo algo concreto.
Depois retorna a capela
Pra realizar seu projeto.
Jogado feito um objeto 87
Transbordava de alegria;
Louvava a natureza
Por sua engenharia.
Nos prados floridos e flores
Encontrou paz, harmonia.
Aos poucos Francisco ia88
Conquistando afeição
Muitos jovens lhe tinham
Tamanha admiração.
Entre eles, a jovem Clara
Moça de linda feição.
Sua brilhante ação,89
Seu novo jeito de viver
Despertou na juventude
No mais profundo do ser
Um desejo agonizante
De com ele conviver.
Assim vieram aparecer90
Jovens de posse, renomado
A fim de lhe pedir conselhos
Mode viver ao seu lado
E serem seus companheiros
Nesse caminho sagrado.
Depois de desempenhado91
Um tão extenso caminho
Nosso menestrel alado
Com muito zelo, carinho.
Conseguiu aval de Roma
Pra caminhar direitinho.
Tivera nos pobrezinhos92
Fraternal afago, amor;
Vivera em harmonia
Com o fogo e o calor,
E às feras astuciosas
Tornara um pregador.
Fora poeta cantor93
Da nossa mãe natureza;
Romancista, trovador
Da mais sublime beleza;
Esposo fiel, leal
Da sua esposa pobreza.
Falara com presteza94
Aos povos de perdão,
Fizera acalentar
O mais duro coração.
Acolhendo todo mundo
Sem fazer acepção.
Toda a sua dedicação95
Foi pra os mais preferidos
Do seu amado senhor
Que lhe soara os ouvidos
Fazendo os seus anseios
Serem assim submergidos.
Incansável, maluvido,96
Valente até o fim lutou.
Foi um brioso guerreiro
Que o tempo não manchou.
Aos combates espirituais
Ele nunca se entregou.
Pois ele tanto amou...97
E o Senhor como gratidão
Imprime-lhe suas marcas,
O mais suave ferrão,
Seus sacrossantos sinais
Da sua crucifixição.
Em plena realização98
Da sua lida, batalha,
De sua missão cumprida
Que a vida não embaralha.
Encontra com sua sentença:
A morte que o agasalha.
Ferindo-o igual navalha99
Muito afiada cortante,
Enleva-o ao seu seio
De um modo santificante
Pra assim na Pátria Celeste
Adentrar bem triunfante.
E foi assim, nesse instante100
Meu caro amigo leitor,
Que o nosso pai Francisco,
O mais amado trovador
Despediu sua carreira
Como soldado do amor.
Fim!