JANUÁRIO GARCIA
Há muitos e muitos anos
Quando eu ainda não existia
Houve uma história muito triste
Que só em ouvir minha pele arrepia
Dizem que lá pras bandas do Sertão
Morava uma excelente família
Que até certo tempo específico
Viveram com amor e muita alegria
O nome do marido era João
E o da esposa era Maria
E como todos os casais de bem
Seu destino era ter filhos e filhas
E foi isso mesmo que sucedeu
Com o passar dos seus dias
Cresceram pessoas honestas
Que grande prazer lhes trazia
Mas, como tudo no mundo muda
Com estes também mudaria
Seus filhos foram crescendo
E com o tempo se desenvolvia
Cada um tinha sua vida
Mas sempre em plena harmonia
Sem jamais desconfiar
O que mais tarde lhes sobreviria
Quem via seus rostos felizes
Nem de longe imaginaria
Que tudo aquilo ia desabar
Em um determinado triste dia
Pois aquela família reunida
A quem o futuro prometia
Nunca desconfiava nem de longe
O que então lhes aconteceria
Um de seus filhos queridos
A quem o seu pai sempre lhe dizia
Você será o meu futuro, filho
Acima do Vicente, José e Maria
Eles são também meus herdeiros
A quem eu lhes contemplaria
Com todas as responsabilidades
Você é o que melhor sobressaía
Então quando eu estiver envelhecido
E não puder mais enxergar
Será você, os meus próprios olhos
Pra onde eu tiver de caminhar
Mesmo que seja contra meu gosto
Mas é assim que o futuro será
Mesmo que não seja teu prazer
Mas será a você que eu vou confiar
Em Deus eu sempre espero
Que nada de mau te aconteça
Você é de todos, o mais amado
E disso você nunca se esqueça
Não que eu não ame os outros
Ou que eles tal amor não mereça
Por isso meu querido filho
Hoje te designo desta casa, o cabeça
Assim o tempo foi se passando
E o rapaz cada dia mais amadurecido
Aos conselhos do pai foi observando
A todos ele dava seus ouvidos
Ao seu pai e a sua mãe foi apegando
E cada dia era muito mais querido
Porém ele nunca ficava pensando
Sobre o seu futuro prometido
Um dia de final de semana
Quando todos costumavam se divertir
Um de seus irmãos mais velho
Convidou-lhe para sair
Tinha um baile na redondeza
E eles sempre costumavam ir
Então arrumaram suas coisas
Sem se preocupar com o porvir
Então foi aí que uma tragédia
Lhe esperava numa porteira
Ele voltou pra casa mais cedo
E em um minuto de bobeira
Desceu de seu cavalo alazão
Numa estrada morta de boiadeiro
Quando de repente duas fortes mãos
Lhe puxaram para a ribanceira
De repente três homens desconhecidos
Que nuca foram vistos por ali
Quiseram mostrar que eram valentes
Sem mesmo ninguém lhes agredir
Começaram a bater neste jovem
Até a madrugada começar a surgir
E se isso não fosse o bastante
Eles começaram a este moço ferir
Como o seu irmão mais velho no vinha
Para a pior tragédia poder evitar
Veja como foi ainda mais triste
O que agora vou te falar
Estes três homens criminosos
Sem se nem ao menos pestanejar
Começaram a pele deste moço
Com uma faca afiada a tirar
Ele aos gritos implorava
Para que eles não fizessem aquilo
Mas, quanto mais ele gritava
Mais depressa eles agiram
Até que antes do sol nascer
Eles seu trabalho concluíram
E antes de amanhecer
Pro mundo estes malvados fugiram
Imagina só esta acena terrível
Se isso já passou por sua mente
Uma pessoa em carne viva
E ainda respirando freneticamente
Pedindo pra Deus lhe aliviar
Daquela situação e dor ardente
Sem poder caminhar ou pedir
Por alguém que fosse dele clemente
Quando terminou o baile já de manhã
Que seu irmão Januário Garcia
Não viu mais ali o seu irmão
De todos com pressa ele se despedia
Pois até parece que alguma coisa
Ele de antemão já sabia
Que algo não estava tão bem
Entrando em total agonia
Despediu de todos os amigos
Pegou o seu cavalo de passeio
Ele sabia que não tinha inimigo
Mas pulou de pressa no arreio
Só pensava em seu irmão
Por isso saiu em disparada
Até que chegando naquela porteira
Ouviu gritos de uma vós sufocada
Então desceu de seu corcel negro
Correu em direção aos gemidos
Ainda estava meio escuro
Pois ainda não tinha amanhecido
Mas pôde ver uma penumbra
Quem era o infeliz acometido
Foi então que nesta triste hora
Ele chegou a perder os sentidos
Seu coração ficou estremecido
Com tudo aquilo que ele via
Sentiu como se suas próprias vísceras
De dentro dele se partia
Não vendo nenhuma solução
Com aqueles gritos que ouvia
Perguntava por que tanta crueldade
Onde tudo isso o levaria?
E o tempo foi se passando
E ele não via nenhum caminho
Olhava para o seu irmão
Com dor, mas com muito carinho
O que nós vamos fazer agora
Que estamos aqui e sozinho
Meu querido Deus tenha piedade
Deste pobre moribundo, coitadinho
Foi quando as últimas palavras
Aquela pobre alma ainda falou
Meu irmão, por misericórdia
Não suporto mais esta tamanha dor
Ponha fim a minha dolorosa vida
Pois meu coração já te perdoou
Alivia deste meu sofrimento
Tirando-me deste mundo sem amor
Januário de joelhos lhe prometeu
Então com muita dor no seu coração
Jurando por tudo o que era sagrado
Vá em paz meu querido irmão
Vou tirar tuas dores neste momento
Com as minhas próprias mãos
Mas tudo o que lhes fizeram
Vão pagar tostão por tostão
Sacando de seu coldre o revolver
Disparou-lhe dois tiros certeiros
De longe se ouviram os estampidos
Por aquele chão brasileiro
Algumas pessoas que ouviram
Aquele som pelo mato inteiro
Nem sabia o fato ocorrido
Com um de seus amigos e parceiros
Foi quando finalmente amanheceu
Que Januário Garcia falou
Tudo o que tinha se passado
Com seu irmão que ele tanto amou
Do seu cruel e brutal destino
Que diante dele se deparou
Aquele a quem ele mais amava
Com as próprias mãos ele o matou
Ninguém acreditou em sua história
Por que isso nunca tinha se dado
Por que todo mundo lhes conhecia
Pois eram rapazes muito honrados
Quem algo de mal lhe causaria
Ainda um ato tão cruel e deplorado?
Mas este foi o seu triste destino
Ver seu próprio corpo ser despelado
Então Januário enterrou seu irmão
Fez tudo o que devia fazer
Chorando cada dia a sua falta
Lamentando, não conseguia esquecer
Nem seu irmão muito querido
Nem a promessa que veio lhe fazer
Foi aí que deste dia em diante
Decidiu apenas para vingança viver
Despediu de seus velhos pais
Vendeu os seus bens que possuía
Saiu sem direção certa pelo mundo
Sem saber muito bem aonde ia
Mas com toda a certeza em mente
Da morte de seu irmão ele vingaria
Mesmo que para isso concretizar
Levasse o resto de seus dias
Ele viajou por muitos dias a fios
Sem ter encontrado um criminoso
Pois todos os que ele encontrava
Sabia do fato real e desditoso
De longe já sabiam e muito bem
Que ele se tornou poderoso
Que a única coisa em sua mente
Era matar a cada homem maldoso
Até que certo dia de repente
Depois de muito ter procurado
Entrou um homem tristemente
Que começou a falar de seu passado
Que a um bom tempo atrás
A dois homens havia acompanhado
Junto destes dois algozes
Um crime horrível havia praticados
Januário escutou com cuidado
Tudo o que este homem lhe dizia
Mas sem deixar o moço se aperceber
Que ele era o Januário Garcia
Que este homem era um daqueles
Que Januário ainda não conhecia
Mas que na verdade era este homem
Que na sua vida, ele mais queria
Então depois de tudo ter falado
O rapaz lhe perguntou;
E o senhor, meu velho amigo
Está vindo mesmo de que lado
Respondeu com toda a calma
Sem ter pressa com o perguntado
Estou vindo de um lugar amigo
Onde o sol nasce atravessado
Mas me diga uma coisa meu amigo
Isso é, se você puder me explicar
Por onde andam seus irmãos
Que você acabou de me citar
Eles ainda estão vivos e com saúde
Assim como você ainda está?
Pois procuro homens deste calibre
Quem sabe, posso lhes contratar
O moço sem saber do que se tratava
Inocente vitima do próprio destino
Começou a falar com muita tristeza
E com algumas lágrimas no rosto caindo
Olha meu caro e bom velho senhor
Do lugar donde eu também estou vindo
Só trago amargas e terríveis recordações
Que hoje me fazem viver como clandestino
Tudo aquilo que no passado nós fizemos
Foram coisas da nossa mocidade
Pois como todo mundo sabe
Não conhecíamos tanta maldade
Até parece que alguma coisa estranha
Nos levaram a aquela atrocidade
Induziu-nos a sermos totalmente tão mal
Praticando tamanha crueldade!
Mesmo com tantos pesadelos
Meus irmãos constituíram famílias
A elas se dedicam com muito zelo
Ainda tendo certas alegrias
Mas vivemos em desesperos
Ah meu Deus, quem diria!
Que o que praticamos com desvelos
A gente jamais esqueceria
De tudo o que aconteceu lá atrás
Certamente tínhamos certeza
Que alguém daquela família
Sentindo toda ódio e muita tristeza
Se dedicaria de corpo e alma
Com gesto de pura nobreza
Para vingar seu irmão querido
E isso não me seria uma surpresa
Mas mesmo com o passar do tempo
Sempre temos discutido o futuro
E se aparecer um dia o tal vingador
Será que estaremos realmente seguros?
Como vamos descobrir que é este homem
Quando tudo foi feito no escuro?
Sempre tive a terrível sensação
De que sempre estaremos em apuros
Januário prestou muito atenção
Em tudo o lhe que fora dito
Mas também não podia esquecer
O que de fato havia prometido
Vingar a morte dolorosa do irmão
Por tudo o que ele havia sofrido
Falou com o seu novo companheiro
Se ele não lhe havia conhecido
Foi aí que nesta hora ele se tocou
Ai meus Deus será que é agora
Que o nosso fim definitivamente chegou?
Entristecido abatido ele já ia embora
Foi quando neste momento
Januário Garcia lhe disse é sua hora
Por tudo que vocês fizeram
Não posso te deixar de fora
Já encontrei tudo que procurei
Conheci todas suas histórias
É como sempre imaginei
Não perdi minhas memorias
Vingar a cada um de vocês
Dar-me-á a maior de todas as glórias
Vou matar todas suas famílias
E por favor, não me implora
E assim foi feito a execução
O corpo ali ficou tomado
Ao partir deste instante
Como Januário havia jurado
Cortou lhe a orelha direita
Para que ficasse marcado
Que este homem era um daqueles
Que a seu irmão haviam violentados
Depois da sua primeira vingança
Ele ainda muito tinha que caminhar
Pois cada um filho ou filha
Neto ou neto tinha de caçar
Só depois de muito trabalho
Um dia se pôs a descansar
Então enquanto ele se alimentava
E algum gole de águas tomou
Chegou certo homem barbudo
Com uma esquisita expressão
Começaram entre eles a conversar
Coisas que entristecia seu coração
Foi quando o tal sujeito lhe disse
Aconteceu algo terrível a meu irmão
De tudo o que havia se dado
Sem nenhuma explicação
Januário Garcia nesta hora
Unindo todos estes fatos
Naquele instante concluiu que aquele
Era mais um dos seus relatos
E que este homem era aquele
De quem já tinha um retrato
Então disse ao moço sem cerimonias
Você deveras caiu como um pato
Pois sabes com quem está falando
Tem certeza que me conhece?
Sou aquele vingador que tu temes
Pois a verdade sempre aparece
Fui eu que matei o seu irmão
Agora não resta nenhuma prece
Acabei com toda a sua família
E agora você me aparece
Que bom que nem precisei
Procurar-te por todos os lados
Assim não perco muito tempo
Pois tenho trabalho acertado
Ainda tenho muito serviço
Então estou muito ocupado
É hora de dar graças a Deus
Pois teu tempo está esgotado
Assim Januário lhe deu um tiro
Como havia combinado
Como ele era perito e certeiro
Para isso ele havia muito treinado
Acertou-lhe de cheio os miolos
Que espalhou pra todos os lados
Depois buscou cada filho, cada filha
Matando todos os que foram encontrados
Mas ainda restava o último
Seu trabalho não havia terminado
Foi em seu encalço como uma raposa
Quando seus filhotes são atacados
Não demorou muito até saber
Que aquele homem vivia desolado
Sem saber ao certo pra onde ir
Virou um pobre diabo coitado
Mas como Januário queria
Completar sua vingança
Então seus olhos brilhavam
Como os de todas as crianças
Quando ver um doce gostoso
Que possa encher seu pança
Então ele logo imaginou
Vou por fim a esta matança
Caminhou por mais uns dias
Em direção bem definida
Preparou-se para o encontro
Que seria o ultimo de sua vida
Pois de todos os criminosos
Ele já tinha a vingança cumprida
Foi aí que ele se surpreendeu
Com uma pobre toda ferida
Era o ultimo dos irmãos
Que ele esta procurando
Mas antes de se conhecerem
Ele foi logo lhe convidando
Venha pra cá meu camarada
Pois vi seu destino tirano
Sente aqui comigo e sirva se
Por favor, vá se alimentando
Mas me conte um pouco de você
O que te faz este ambulante
Pois eu também me fiz andarilho
Tornando-me um homem errante
Por que há muito tempo eu matei
Um home que era petulante
Mas depois tomei conhecimento
Que puseram até uma volante
Pra me perseguir onde eu for
Até o inferno se não for o bastante
Por isso meu caro companheiro
Vamos comer enquanto antes
Pois pode ser que de repente
A morte nos cerca neste instante
Saciaram sua sede e sua fome
Comeram como dois elefantes
Mas na hora da despedida
Em que o velho andarilho saia
Então ele despediu de Januário
E de coração muito lhe agradecia
Pois desde há muito tempo
Um bom prato de comida não via
Nem tinha ideia de quem era
Aquele homem que lhe servia
Então Januário lhe despediu
E muita sorte lhe desejou
Mas enquanto ele caminhava
Januário por nome lhe chamou
Sem saber do se tratava
O pobre pra trás ainda olhou
Foi nesta hora crucial
Que Januário lhe revelou
Eu sou o Januário Garcia
Aquele que está te procurando
Mas como gostei muito de você
Por favor, não fique chorando
Vou te dar uma grande chance
Eu fico aqui e você vai andando
Vou contar uns sem passos
Depois amigo eu vou atirando
Mas se eu não acertar o alvo
Você poderá ir livremente
Por que pra este ultimo assassino
Eu tenho uma bala somente
Então comece a rezar com fé
Se você ainda for homem crente
Quem sabe Deus a ti proteja
De morrer assim de repente
Com lágrimas em seus olhos
E com seu coração nas mãos
O home foi caminhando
Enchendo de lágrimas o coração
Pois sabia que Januário Garcia
Não perdia de modo algum sua visão
Pois em cada tiro que ele dava
Jazia um corpo sem vida no chão
E sabendo de seu destino
Que ele não tinha salvação
Sabia também que seus dias
Tinha lhes armado um alçapão
Ali chegou ao seu triste fim
E não havia pra ele solução
Então contou os sem passos
Quando ouviu uma explosão
Caindo já morto na terra
Januário ainda gritou
Amigo, acertei realmente.
A quem meu revolver mirou?
Achei que ia te deixar vivo
Como a gente combinou
Mas o que vamos fazer agora
Já que você se tombou?
Mas cada vitima que fazia
Januário tinha uma obsessão
Cortava-lhe uma das orelhas
E carregava em um cordão
Até que vitimou a todos
Cumprindo assim sua missão
Homens mulheres e crianças
A todos daquela infeliz geração
Depois de ter cumprido a promessa
Com a sua alma desta vez aliviada
Abandonou a vida de criminoso
Foi seguindo sua longa jornada
Já achava que nada de bom mais existia
Até encontrar pelos suas estradas
Para a sua grande esperança e alegria
Uma velha fazenda quase abandonada
Onde havia uma senhora em prantos
Com a sua alma amargurada
Ele logo quis tomar conhecimento
Do que lhe deixava tão atarantada
Ela quase sem vos lhe dizia
Que tinha uma sina marcada
Por que alguns bandidos sem lei
Haviam-lhes ameaçados
Mas o que eles te disseram
Que é tão amedrontador assim
Se é que eu posso saber de tudo
Vai contando os detalhes pra mim
Se eu puder te ajudar nesta empreitada
Talvez nem seja de tudo tão ruim
Embora eu já seja um homem velho
Não importo se minha vida chegar ao fim
Foi aí que aquela senhora lhe dizia
Olha senhor, me ajuda, por favor,
Pois somente uma linda filha
O pobre destino me reservou
Então como posso estar sorrindo
Se eles chegarem e fizer este terror
Não sei mesmo o que farei sem ela
A não ser morrer de tanta dor
O velho experiente Januário
Pediu-lhe pra ficar por lá
Até que os homens chegassem
Ele começou a trabalhar
Fazendo alguns consertos
No carro de bois e em outro lugar
Até que depois de alguns dias
Ele escutou os gritos no ar
Então é chegado o momento
Vamos ver no que vai dar
Não correu nem escondeu
Preparou-se e dispôs a esperar
Assim os jagunços chegaram
E começaram a lhe ameaçar
Quem é este velho sujo e inútil
Que nem sabe com quem ele está?
Logo um dos bandoleiros
Propôs-se; então vamos jogar.
E me convida este velho vadio
Vejamos se ele pode participar
Mas só jogamos a dinheiro
E ele não deve ter nada pra apostar
Mesmo assim, por favor, faça ele
Em nossa mesa de jogo entrar
Mas Januário com seu saco
De orelhas em colar bem amarradas
Não quis dar demonstração
Que não era velho que nada
Eram só suas longas barbas brancas
Que a muito não estava aparadas
No entanto estes vândalos sem lei
Não parava com suas caçoadas
Quando eles já estavam achando
Que podia fazer o que bem entendiam
Foi aí que de repente um grito bem auto
Que na sala de jogo explodia
Era o valente destemido Januário
Que muito a todos eles se assustaria
Colocando as orelhas sobre a mesa
Dizendo; ninguém me desafia!
Imagina aquela cena inesperada
Que para os homens nem sonhavam
Quem era realmente este andarilho
Que dele poucas pessoas comentavam
Então todos saíram aos berros
E seus cavalos desamarraram
Saindo em desespero a galopes
Tudo pra traz eles deixavam
Daquele momento em diante
Nunca mais ninguém ouviu falar
Daqueles bandidos sem lei
Que viviam a sociedade perturbar
Aquela gente pobre e desprotegida
Que morava naquele longe lugar
Foi aí que o sonhado sossego
Com todos ali veio morar
Foi então que o sábio Januário Garcia
Que vivia sozinho abandonado
Foi dizendo para aquela senhora
Que tudo ali estava errado
Que ela também precisava
De alguém pra ficar do seu lado
Por que numa fazenda daquela
Ela podia produzir muito gado
Então a senhora aceitou o convite
E logo os dois estavam casados
Foi uma das maiores festas
Que já houve por aqueles lados
E assim eles viveram até a morte
Sem se preocupar com o passado
Pois os dois tinham cumprido a sorte
Que Deus lhes havia premiados
Esta é uma das histórias antigas
Que é deveras um fato consumado
Que no estadão das Minas Gerais
Há muito tempo foi registrado
Embora eu ainda nem houvesse nascido
E nem tivesse a tudo isso presenciado
Mas não quero dizer com isso
Que esta historia, eu a tenha inventado!