BRIGA NO TRIBUNAL
Pedra- PE, 19 de setembro de 2014.
01 No tempo que Salomão
Era rei em Israel
Houve uma grande confusão,
O maior dos escarcéu
Daqueles que a tapa zoa
Envolvendo tanta pessoa
Daquela corte real
Que nos anais da história
Nunca viram na memória
Uma briga no tribunal.
02 Era uma manhã tão densa
Quando tudo aconteceu,
Uma agonia imensa,
Quando o cacete comeu.
Duas mulher arengava,
Nos cabelo se pegava
No maior dusaperrêi.
Disputava o destino
Do póbe de um Minino
Que estava ali no mêi.
03 Eram duas prostituta
Essas mulher tão danada
Que ficava na labuta
Fazendo aquela zuada.
Há alguns dias passado
Um fato malassombrado
Entre elas aconteceu:
Uma dessas de pileque
Deitou sobre um moleque
Matando o filho seu.
04 Esta cheia de trapaça
Querendo comprar uma briga,
Quando viu sua desgraça
Enganou a sua amiga
Butando seu filho morto
Todo achatado, torto
Debaixo da manta dela.
Vendo o filho morto então
Foi falar com Salomão
Na casa grande, amarela.
05 As duas iam entrando
Para o palácio real;
Já discutindo e brigando
Em tempo de saí no pau.
Uma berrava com crivo:
- O meu filho é o que tá vivo
O seu foi o que morreu!
Disse a outra sem conforto:
- O seu filho é que tá morto
O que tá vivo é o meu!
06 E foi nesse lenga-lenga
A disputa do menino
Que no meio da arenga
Se espremia tão franzino;
O caldo veio a engrossá
Aumentou o bafafá
Que ninguém mais aguentava.
Enquanto ia brigando
No cabelo se pegando
O moleque s’esguelava.
07 Levaru elas pra o rei
Pra lhes d’alguma sentença,
Acalmar com o aperrêi
Toda aquela desavença.
Disseru-lhe:- essas senhora
Tava brigando lá fora
Dexano o povo assustado.
Pra contê o lenga-lenga
Truxemo as duas quenga
Mode o caso ser jugado.
08 Uma gritava:- é meu
O gôta desse menino!
A outra dizia:- Ora, o seu
Era o mais pequinino!
Dá esse menino cá!
Aumentou o tal fuá
Piorou a bagacêra!
Tava difícil sabê
No meio do fuzuê
Quem era a mãe verdadêra.
09 Vendo a dita confusão,
Um buruçu arretado,
O tal rei Salomão
Ficou apenas sentado
Ouvindo, assim, os relatos
E analisando os fatos
Pra ditar seu veredito.
Enquanto uma começava
A outra atropelava
Parecendo um periquito.
10 Era o dito pelo não dito,
Uma presepada só.
Salomão de tanto aflito
Balançava os mocotó.
A zoêra se espaiava
De tão forte estrondava
Dentro da casa real.
Os xeleléu que havia
Atarantados dizia:
- Silêncio no tribunal!
11 E elas mais aumentava
Sua arenga, confusão.
De repente se pegava
Nos cabelos pelo chão.
Salomão só espiando
As duas se roletando
Sem dar ainda um pitaco.
De repente se levantou
E a um guarda ordenou
Que alcamasse o barraco.
12 Foi acalmado o balabaco,
Depois dessa ordenação.
Todo mundo ficou opaco
Com muita apreensão
Pra reparar a sentença.
Salomão chêi de ciença,
Disse com sabedoria:
- Dá-me cá esse menino
Eu vou lhe dar um destino
Pra acabar essa agonia.
13 Nisso pediu ao sordado
Que lhe desse uma espada
Onde o gume fosse afiado
E a lâmina bem amolada.
Quando a trouxe o sordado
Salomão já agastado,
Se sentindo o maioral,
Disse com muito cansaço:
-Vou cortar ele em pedaço
E dar um taco cada qual.
14 Quando viu que Salomão
Ia cortar o pirraio
Disse uma sem aflição:
-Pode lhe fazer um taio
Que tô pouco me lixando!
E assim foi acatando
A sentença derradeira.
A outra sem desatino:
Disse: - pode dá-lhe o menino
Que é a mãe verdadeira!
15 Nisso o rei logo notou
Quem era a mãe de verdade.
Pegando o bebê entregou
Com tal sensibilidade
Àquela que tinha renegado
Por amor o póbe coitado
Para não vê-lo ser morto.
E por astúcia do destino
Foi lhe dado o menino,
Devolvido seu conforto.
16 E encerrada a sessão
Foi decretado a sentença,
E resolvida à questão,
Toda aquela desavença.
Daquele dia em vante
Todo Israel num instante
Conhecendo a sua ação.
Propaga com alegria,
Até, hoje, em nosso dia
Os feitos de Salomão.