O MENINO QUE COMEU MOEDA.

Pedra- PE, 16 de dezembro de 2014.

01 Zé Tomaz tinha um menino

Energético, espevitado;

Pense num gota malino,

Pimentinha, espritado!

No bucho já se previa

Que esse moleque seria

Serelepe até de mais.

Pra endoidar sua cuca

Inventou de butar Luca

O nome desse rapaz

02 O pobre de Zé Tomaz

Já andava atordoado

Com as astúcias do rapaz

Que ele tinha criado.

Era feito um bicho bruto

Num parava um minuto,

Nem ficava sossegado.

Um dia esse pestinha

No fim duma tardezinha

Deu-lhe um susto danado

03 Ele estava bem sentado,

Era tarde de domingo,

Em casa bem sossegado

Marcando um tal de bingo.

Quando assim de repente

Ouviu um grito estridente

Vindo lá duma sacada.

Ele foi espiá o que é

Era a gota da mulé

Que tava desesperada.

04 Tava muito assustada

Olha a lapa de oi!

Ele saiu em disparada

Pra reparar o que foi.

De longe viu a presepada;

Tava ela abaixada

E o menino obrando.

Diante daquela cena

Chega lhe dava pena

Ver o bichin s’acabando.

05 O póbe ia s’esticando

Que nem preá e mocó.

Ele ia só observando

Todo aquele brogodó.

O coitadín se espremia,

Butava força, gemia

Ficando enfraquecido.

Em meio ao labacé

Ele disse pra mulé:

- O bichín tá entupido!

06 O gota já envermeicido

Com o que lhe acontecia.

Zé Tomaz estarrecido

Via aquela agonia.

Aqui, acolá, se levantava.

Tomava ar, se abaixava

Pra terminar o serviço.

Um pouco que se buliu

Do fevereiro saiu

Um bicho preto e ruliço.

07 Em meio ao rebuliço

A mulé com artimanha

Percebeu que no serviço

Tinha uma coisa estranha.

Pra ter ciência dos fato

Que nem instinto de gato

Resolveu escavar.

E mexendo no mondrondo

Um troço feio e redondo

Ela veio a encontrar.

08 E butou pra lhe mostrar

Lá no chão, o tal negóço

Zé também foi a espiar

Com detailhe aquele troço.

Nisso pro chão se abaixou,

Do bicho se aproximou

Pra fazer especulação

Naquele troco esquisito.

E igualzinho a um perito

Começou a acareação

09 A mulé tinha na mão

Um objeto pontudo,

Zé deu-lhe um cutucão

Pegou o troço com tudo.

E já muito agastado

Butava o bicho dum lado...

Para melhor compreender

Que boba aquilo seria.

Por mais que se mexia

Tava difícil saber

10 Que gota podia ser

Aquele estranho objeto!

Que ousou em aparecer

No pequenino dejeto!

E em meio à confusão

Foi reparando no chão

Pra ver s’a coisa entendia

Nisso pegou um cacete

Foi mexendo no tolete

Para ver o que seria.

11 Foi uma grande agonia,

Um aperrêi tão imenso.

Zé Tomaz se enraivecia

Já tava ficando denso.

Como um valente potó

Mexeu no brogodó

Num instatín entendeu

Que aquela coisa chata

Foi uma pequena prata

Que o pestinha comeu.