Sem assunto

Quero falar das flores

Mas não penso no jardim

Quero falar mais de mim

Mas eu sinto muitas dores

Quero falar de amores

Mas o peito anda gelado

Quero falar um bocado

E a língua está travada

A mente não pensa em nada

O punho fica engessado

Quero falar de problemas

Mas não vejo a solução

Como sair da prisão

Trancafiado nas algemas?

Como dissolver dilemas

Se não derroto o medo

Não revelo o segredo

Nem desvendo esse mistério

Não sei se falo sério

Ou se falo de brinquedo

Quero falar de alegria

Mas não tenho animação

Quero bolar um refrão

Pra embalar a cantoria

Mas faltando a poesia

O poeta vira lama

Sua verve não inflama

Incapaz de ter assunto

E sem esse conjunto

Nada alimenta a chama

Meu nobre amigo Tiago Duarte, poeta de Campina Grande-PB, deixou belas palavras neste humilde recinto.

Vou falar dum cordelista

Que nós temos por aqui

São João de Meriti

Mora este grande artista

Nunca se perde de vista

Um poeta nota dez

Que jamais sofreu revés

Um poeta de mão cheia

Com nada se aperreia

Já cantou em Menestréis

O escritor Stelo Queiroga de João Pessoa-PB, também deixou um belo registro.

Vezes também me acontece

Ir embora a inspiração

Chego a fazer uma prece

Mas que nada é tudo em vão

Dou uma volta no Recanto

Componho e afasto o quebranto

Tanjo longe a solidão

Meu amigo Zé Roberto, poeta de Mauá-SP, interagiu também.

Cabra bom! Assis, poeta graúdo

Entende bem do riscado

Jamais será derrotado

Esse poeta eu saúdo

A seu lado eu fico mudo

Mas minhalma está contente

Assis é cabra decente

Transmitindo a alegria

Pinta a vida em poesia

Na nobre arte do repente.

Outro grande amigo, Carlos Celso CARCEL, poeta de Mairinque-SP, deixou uma bela estrofe

VOCÊS JÁ DISSERAM TUDO

NADA MAIS TENHO A DIZER

O QUE TENHO QUE FAZER

É DEIXAR DE SER BOCUDO

TEM VEZ ATÉ QUE ME ILUDO

PENSANDO QUE SOU POETA

OLHO A MUSA PREDILETA

TENTO FAZER POESIA

MAS COM INSPIRAÇÃO FRIA

FAÇO PAPEL DE PATETA.