I
Gonzagão, rei do baião.
No nordeste doutorado.
Mensageiro cultural
Por seu povo foi togado.
Não deixou ser esquecido
O jegue nosso criado.
II
Cantou pro povo saber
A grandeza do animal:
Jumento, nosso irmão,
Essa canção triunfal
Que todo país cantou
Fazendo do bicho, o tal.
III
Mas os bons tempos passaram:
Gonzaga não canta mais,
Seu dono já não lhe quer.
Foi banido dos currais,
Da roça foi dispensado.
Perambulando sem cais.
IV
Pelas rodas foi trocado.
Agora sem céu e pasto
Vê dono passar bicudo
Naquele troço nefasto.
E passa feito um raio
Sem um olhar de arrasto.
V
Doutor Roberto Corrêa:
Homem de matutar grande,
Da castanha é farinha.
Constatando tal desmande
Partiu na defesa do mulo
Antes que daqui desande.
VI
Promovendo uma corrida
Trazendo o jegue pra cena.
Mandou e-mail pra Obama,
Pro santo rezou novena.
Para ficar bem na foto
De quem nesse mundo ordena.
VII
Vladimir Putin chiou
Não ter sido convidado:
Ouviu rogo de desculpa
Teve pedido notado.
Uma prova na Ucrânia
Para ianque ser barrado.
VIII
A corrida de jumento
Por um triz não chama guerra.
Pra tirar Sairé da reta
Doutor Roberto descerra:
Promete grande festança
Para todos lá na serra.
IX
É dia de São João,
Aos vinte e quatro de junho
Debaixo de sol ou chuva
E disso dou testemunho
Os jegues paramentados
Presos aos donos em punho.
X
Ajunta um monte de gente
Pra vê-los desembestar
Dando volta no roçado.
Um trava pra sabotar,
Outro pra dizer a hora
E seu dono apoquentar.
XI
Mas no fim dá tudo certo.
O prefeito no discurso
Faz promessa, diz e cumpre.
O jegue não posa de urso
Quer ganhar saca de milho
Seu montador, o concurso.
XII
Mas você comerciante
Na prova pode ajudar.
Basta no fone abaixo
Doutor Roberto chamar
E juntos em parceria
A corrida vai bombar.