NÃO AO ÓDIO
Minha gente isso é desejo antigo
De banir o nordestino do “Sul-deste”
Mas aviso que o cabra da peste
É feroz na defesa do seu trigo
Preste muita atenção no que te digo
Cantareira secou até rachar
Não é minha intenção te humilhar
Se não tem água nem para beber
Até hoje não sei te responder
Com que água iriam nos matar
O teu grito de guerra soa fanho
Sinto pena de ti, pobre infeliz,
Que não vês muito além do teu nariz
Já perdeste o sabor de um belo banho
E o grude do couro sai em lanho
Urubus já planejam te pegar
O fedor que espalhas pelo ar
Só revela quão negro é o teu ser
Até hoje não sei te responder
Com que água iriam nos matar?
A seca minguou a intolerância
Eis que o castigo chegou a galope
Sudeste e Nordeste, um mesmo tope
Precisam assaz dessa substância
E onde está a tal discrepância
Que fez essa gente nos desprezar
Vem a pergunta que não quer calar
Se o céu se trancou e não quer chover
Até hoje eu não sei te responder
Com que água iriam nos matar
Mote: Sander Brown
Glosa: Luciene Soares