A REVOLTA DA BICHARADA CONTRA A VAQUEJADA

CORDEL:

A REVOLTA DA BICHARADA CONTRA A VAQUEJADA

(Autor: Claudson Faustino)

Sou um bom vaqueiro

De botar o boi no chão,

Ando nas vaquejadas

Desse meu lindo sertão

E coloco para correr

Qualquer um valentão.

Mas tem uma questão

Que não sei se foi real

Parecia até um sonho

Ou um filme ficcional,

Mas eu via um lugar

Que era muito ideal.

Era um mundo tão real

Que parecia o terrestre

Tinha até ser humano

Espalhado como peste

Atacando os animais

Em cada canto celeste.

Mas foi lá no nordeste

Da minha imaginação,

Os bichos se reuniram

E fizeram a revolução

Contra os maus tratos

Dum bicho sem coração.

O boi disse: - Atenção!

Chega de tanto eu sofrer,

Já não aguento mais

Ser puxado até morrer,

Deixe-me viver a vida

E procurem o que fazer!

Eu preciso e quero ter

Paz, sossego e respeito,

Não faça da minha vida

Um circo velho mal feito,

Pode conviver comigo

Porque tudo tem jeito!

Mas seja cabra direito

Sensível e trabalhador,

Abra o seu coração

Bote uma dose de amor

E procure amar mais

A quem não te causa dor.

Seja o meu aboiador!

Cante música bem assim

Ou venha me alimentar

Com água, ração e capim,

Mas deixe a vaquejada

Bem longe, longe de mim!

Olha, tudo tem um fim

E vai ser difícil vencer,

Porém, essa vaquejada,

Eu preciso esquecer,

Vou lutar noite e dia

Até vê-la um dia morrer!

A vaca disse: - Vou dizer

Também uma verdade,

O bicho que criou isso

Não tem sensibilidade,

Só vive nos maltratando

Para sua felicidade!

- Que triste realidade,

Vou fazer um relato

Para nós mudar isso!

Precisamos de um ato

Em prol da liberdade!

Falou de longe o gato.

- Chega de maus tratos!

Gritou alto o jumento.

- Já não aguento viver

Com tanto sofrimento!

Vamos fazer a revolução

Para sair desse lamento!

- Mas um momento!

Interferiu a dona vaca.

- Vamos dar o troco

Nesse homem babaca

Que acha que cultura

É enfiar o pé na jaca!

Olha, a carne é fraca,

Mas tudo pode mudar,

Basta dizer ao homem

O dever de respeitar

E defender os animais

Que só sabem amar.

Nós temos que acabar

Com essa vaquejada

Que só tem sofrimento,

E não serve para nada,

A não ser nos humilhar

Em cada derrubada.

- Vaca, você é danada!

Miou de lado o gato.

- O que você ressaltou

Achei o maior barato,

Vamos nos organizar

E fazer um sindicato.

Contra os maus tratos

Do bicho sem coração

Ou um abaixo-assinado

Para mudar a situação,

Vamos ajudar o boi

Em nome da revolução!

- Atenção! Muita atenção!

Falou então o cavalo.

Já não corro nunca mais

Porque tô cheio de calo

Por causa da vaquejada

Quase que hoje não falo!

Sem nenhum intervalo

O gato miou e pulou

E naquela empolgação

Sem querer arranhou

As patas do cavalo

Que quase machucou.

Quase um coice levou

O infeliz do bichano

Que pediu desculpas

E voltaram ao plano

De acabar a vaquejada

Daquele grande ano.

Nisso, o boi falando

Do seu sofrimento

E a vaca escutando

Ao lado do jumento

E o cavalo e o gato

Num estranhamento.

- Ei, só um momento!

Gritou a dona vaca,

- Vamos procurar aqui

Deixar a nossa marca,

Não em nós mesmos,

Mas no homem babaca.

- Já vou pegar a faca!

Falou o jumento feliz.

- Aqui não tem animal

E ninguém aqui é juiz!

Falou com raiva o boi

Para o jumento infeliz.

- Eu não faço e nem fiz

O que o homem faz,

Porque luto pelo bem

E sou a favor da paz,

Não sou como o homem

E nunca o serei capaz.

- Muita calma, rapaz!

Foi só uma brincadeira,

O homem é o único

Que comete besteira

Não leve tão a sério

Uma simples zoeira.

Já baixando a poeira

E chegando ao final

O cavalo ficou branco

E quase passou mal,

Cansado da vaquejada

Quase foi ao hospital.

- O homem acha legal

Ver o nosso sofrimento

Tem gente que paga caro

Para ver cada momento,

É um bicho muito cego

Sem nenhum sentimento.

O nosso pensamento

É feito pela razão,

Já o homem pensa

Com ódio no coração,

Maltratando todos nós

Para sua diversão.

Nisso, acabou a reunião

Sem eu nem perceber,

Eu me lembro de tudo

Como se eu fosse viver

Tudo aquilo em um dia

Antes de um dia morrer.

Não o tento esquecer

Como tudo aconteceu,

Não sei mais detalhar

Como tudo ocorreu

Só sei que a vaquejada

Para mim, já morreu.

O meu sonho se perdeu

Na minha imaginação,

A vaquejada terminou

Depois da reunião

Que os bichos fizeram

Em prol da revolução.

Chegando a conclusão

Daquele reino animal

Eu vi que no mundo

O homem é um mal

Conhecido na terra:

Ser humano infernal.

Autor: Claudson Faustino

Claudson Faustino
Enviado por Claudson Faustino em 18/03/2015
Código do texto: T5174578
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