Penta Brasil
Na certa não foi o pênalti duvidoso
Contra a Turquia, chamada de fraca.
Nem os quatro na China, de porte garboso
E com a disciplina até o fim intacta.
A Costa Rica, é verdade, muito lutou
Mas capotou ante nossa seleção
Afinal, o Brasil de Felipão escalou
Não só estrelas, mas uma constelação.
Chegar à finalíssima no Japão
Exige técnica e muita disciplina
Porque ninguém quer um papelão
Como fizeram a França e a Argentina
Marcos, no centro dos três palitos
Tranquiliza a moçada, muito nervosa
"Para chegar lá, ninguém pode ficar aflito"
Diz Rivaldo, veterano, nada prosa
Rogério, Dida, Kaká, Luizão,
Vampeta, Anderson do lado de fora
Esperam, inquietos, a convocação
Para entrar, à qualquer hora.
Edilson, Edmilson, Denilson, Kléberson
Com nomes que parecem nórdicos
Conscientes da ausência de Émerson
Afastado por acidente insólito
Enquanto Ronaldo faz a festa,
Roberto Carlos impõe com a canhota
Ronaldino ( o gaúcho ), com a destra
Brinca, gira, dribla, domina a pelota.
A defesa, criticada até na vitória
Com Roque Júnior, Lúcio e Gilberto
Esforça-se, também quer a glória,
Se não brilha, mas chega bem perto.
A primeira fase fica para trás. Ufa!
Volta a calma, não estão mais afoitos,
Felipão, mesmo modesto, o peito estufa:
"Chegamos às oitavas com saldo de oito."
Muito bom, para um time criticado,
Por causa do Júnior, Belletti, Juninho.
Principalmente por não ter convocado
Romário, o mais famoso baixinho.
Arruma a mala, pega ônibus, avião
Ou trem bala, muda de cidade em cidade.
Segue em frente, da Coréia ao Japão
Acima dos adversários e adversidades.
A Bélgica que domina quatro idiomas
Enrolou-se na bola , deu-se mal
E carimbou, para nós, o diploma
Para chegarmos invictos às quartas de final.
Num outro jogo, que não é o nosso
Um juiz maluco, fraco das idéias
Despachou a Espanha ( um colosso)
Para ajudar a dona da casa: Coréia.
Enquanto isso, despachamos a Inglaterra
Ela que ganhara da Argentina
O sonho do bi inglês caiu por terra
Na próxima, talvez, com outra sina...
Na seqüência, sacramentamos nossa fama
Enfrentamos outra vez (quem diria?)
Agora, sem juiz, sem pênalti, sem lama,
Tivemos outra vitória sobre a Turquia.
E a Coréia ficou esperando a Turquia
Pois perdera para Alemanha, jogo normal.
E depois de setenta anos, chega o dia
De o Brasil pegar a Alemanha, na final.
Vieram os alemães, muito pragmáticos
Com Kahn, no gol e o goleador Klose
Nós brasileiros, parecemos mais simpáticos
Mas gostamos de vencer e ainda fazer pose.
Com certeza, uma partida muito disputada
A mais difícil da copa, todo o mundo disse
A Alemanha para não sair derrotada
Chegou ao tetra campeonato... como vice.
O Brasil inteiro vibra, emocionado
Com os pés, com gritos, com o coração
O time segue em frente, ovacionado
Afinal, quem tem medo do alemão?
Ainda que as zebras não estivessem no meio
Como da Coréia, Turquia e Senegal
Voltar cedo para casa fica muito feio
Tanto faz ser França, Argentina ou Portugal.
E, se nós não chegássemos ao Penta?
Se alguma estrela ofuscasse nosso sol?
Por que será que o Brasil, afinal não tenta
Trazer para o trabalho a paixão do futebol?
Se o amor que o brasileiro tem pela bola
Fosse dirigido ao menor abandonado,
Podem ter certeza, não haveria cheira cola
Nem tanto flanelinha, camelô, ou drogado.
Se o patriotismo gerado num mundial
Perdurasse e fosse usado todo o dia;
O entusiasmo e o otimismo no final
Sanariam o problema com a energia.
Falar de problemas, não é bem a hora
Sempre haverá uma outra ocasião
Mesmo porque eles não fogem. Mas agora
É vibrar e gritar: Brasil Penta Campeão.
Luiz Lauschner