DÚVIDA

Quando em ti paraliso

Retardo ação boa ou má

Maculo no homem o sorriso

Exponho a fraqueza no olhar

Tremem ante o meu toque

Carrego o medo a reboque

Sou peso em seu caminhar

Estou lado a lado com a vida

Pois risco faz parte do jogo

Não trago comigo as feridas

De embates que expus ferro e fogo

Sucumbo à ação da coragem

Que bruta me rasga a roupagem

E contempla o agente ao gozo

A meu julgo muitos tombaram

Fiz rir os sábios dos tolos

Quando escravos da gula ficaram

E imergiram na lama e no lodo

Eis que sou imortal

Ressurjo do bem o do mal

Presente na parte e no todo

Afirmo que não sou cruel

Habito na sua ignorância

Sem flores não pode haver mel

Sem mãe não há boa infância

A paz perturba-me sempre

Torna-me frágil e carente

Tal qual um amante e sua ânsia

E brinco assim com o destino

Incerto por meu capricho

Não penses fazer desatino

Sou brava e feroz como bicho

Sucumbo perante o tempo

Que sábio dilui-me ao vento

E conduz-me reclusa a meu nicho

Urbano Possidônio
Enviado por Urbano Possidônio em 10/03/2015
Reeditado em 10/03/2015
Código do texto: T5164707
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