DÚVIDA
Quando em ti paraliso
Retardo ação boa ou má
Maculo no homem o sorriso
Exponho a fraqueza no olhar
Tremem ante o meu toque
Carrego o medo a reboque
Sou peso em seu caminhar
Estou lado a lado com a vida
Pois risco faz parte do jogo
Não trago comigo as feridas
De embates que expus ferro e fogo
Sucumbo à ação da coragem
Que bruta me rasga a roupagem
E contempla o agente ao gozo
A meu julgo muitos tombaram
Fiz rir os sábios dos tolos
Quando escravos da gula ficaram
E imergiram na lama e no lodo
Eis que sou imortal
Ressurjo do bem o do mal
Presente na parte e no todo
Afirmo que não sou cruel
Habito na sua ignorância
Sem flores não pode haver mel
Sem mãe não há boa infância
A paz perturba-me sempre
Torna-me frágil e carente
Tal qual um amante e sua ânsia
E brinco assim com o destino
Incerto por meu capricho
Não penses fazer desatino
Sou brava e feroz como bicho
Sucumbo perante o tempo
Que sábio dilui-me ao vento
E conduz-me reclusa a meu nicho