DEBULHANDO MEUS APERTOS.

A cacimba é distante

Essa vida é tão curta

Minha mão minha mãe

Me levando para a luta

Para matar a canseira

Para engordar a caveira

De uma santa matuta.

Seca as léguas e as línguas

Lambendo um chão de poeira

Bate o peito e o vento

No coração porteira

O sol arde no topo

Queima engilha o corpo

De uma vida inteira.

O pau a lenha o graveto

A reza o encanto e a fé

Carvão brasa e fogueira

E o voto pra São José

Com o enjoo da sorte

A vida vomita a morte

Da cara ate o pé.

É o cheiro do bicho

É o bucho com choro

O cacho que vira bucha

A sede que mata o touro

A falta que faz o filho

Lá no raçado de milho

Em um janeiro vindouro.

Cai o caco da dor

No prato da amargura

E o farelo que resta

Só a esperança procura

E na toalha rasgada

Da vida um quase nada

Vem outra vida e costura.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 04/03/2015
Código do texto: T5158423
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