DEBULHANDO MEUS APERTOS.
A cacimba é distante
Essa vida é tão curta
Minha mão minha mãe
Me levando para a luta
Para matar a canseira
Para engordar a caveira
De uma santa matuta.
Seca as léguas e as línguas
Lambendo um chão de poeira
Bate o peito e o vento
No coração porteira
O sol arde no topo
Queima engilha o corpo
De uma vida inteira.
O pau a lenha o graveto
A reza o encanto e a fé
Carvão brasa e fogueira
E o voto pra São José
Com o enjoo da sorte
A vida vomita a morte
Da cara ate o pé.
É o cheiro do bicho
É o bucho com choro
O cacho que vira bucha
A sede que mata o touro
A falta que faz o filho
Lá no raçado de milho
Em um janeiro vindouro.
Cai o caco da dor
No prato da amargura
E o farelo que resta
Só a esperança procura
E na toalha rasgada
Da vida um quase nada
Vem outra vida e costura.