Velhos Tempos
Velhos Tempos.
Velhos tempos, tempos idos
Jamais serão esquecidos
Ou varridos da lembrança;
Foram dias de penúrias,
De muita sede de fome
De lembrar faz em frangalhos
Os meus tempos de criança.
Latas d’água na carroça
Fardo esquisito e pesado,
Pro menino que eu ainda era;
Crescer já não mais podia
Desnutrido e verminado
Vez em quando eu perguntava
Qual seria meu pecado.
A água era ingerível
Não servia pra beber,
Mal dava pra lavar roupa;
O sabão não espumava
Sal e soda não combinam,
E por mais que mamãe lutasse
Sua roupa não limpava.
Era um sofrer tão sofrido
E a gente não lamentava,
Não culpava “A” nem “B”;
Aqui culpam Deus e mundo
E o castigo é tão profundo
Que faz rico se benzer,
É, mas nós não vamos sofrer.
Fizemos nossas cisternas
Que guardam água da chuva
Que desse telhado abaixo;
Não é suja nem barrenta,
E também não é salgada
Pra nós é água potável,
Quando fervida e filtrada.