Alienação parental
Bom dia amigos e amigas do Recanto, o texto que hoje publico aborda um tema comum nos tribunais, onde atuei vários anos como advogado e onde vi muitas injustiças serem cometidas por puro espírito de emulação e vingança e que afetaram as relações entre pais e filhos e não raras vezes destruíram um lar e uma família.
Um soluço sufocado
Eu ouvi no corredor
Vinha de um quarto ao lado
Onde havia um professor
Que vivia amargurado
Pela falta de amor.
Ele disse que a filha
Era ainda bem pequena
Para ele é quem mais brilha
Merece ter vida plena
Mas a mãe a ele humilha
E à menina envenena.
Reclamava que devia
Todo mês pagar pensão
Porém a filha não via
Sempre tinha ocupação
E também ela sofria
Sem nenhuma distração.
Quando a filha visitava
Só ouvia a mãe dizer
Chegou o que me faltava
Nada tem para fazer
E com ele ela brigava
Só pra ver ele sofrer.
De casa ela o expulsava
Com palavras que achincalham
A moral ela arrasava
Dizia que não trabalha
Com a faca ameaçava
Dizendo: saia canalha.
Sua voz soa estridente
Mais parece uma megera
Como sempre impaciente
A resposta não espera
Vai pra casa de parente
Com ares de besta fera.
A filha tudo assistindo
Acabou acreditando
Acabou não permitindo
Ver o pai aproximando
Diz que ele está mentindo
Quando está lhe abraçando.
Ele não foi avisado
Que estava proibido
Foi levado ao delegado
Que pensou estar fugido
Acabou encarcerado
Sem um mal ter cometido.
A mulher admitia
Que queria vê-lo preso
Isso sempre requeria
Por sabê-lo indefeso
Entretanto um certo dia
Ele lhe deu o desprezo.
Não foi mais a procurar
Via a filha à distancia
Conseguiu apaixonar
Por alguém de confiança
Começou se preparar
Pra acabar com a arrogância.
Foi a um advogado
Expôs a situação
Pediu ser autorizado
Ajudar na educação
Isso foi autorizado
E surgiu a confusão.
A mulher autoritária
Nem sequer obedecia
A ordem judiciária
Que então já existia
Acabou presidiária
Numa cela muito fria.
Então la raciocinou
Por que eu estou aqui?
Sou em que tal provocou
Entretanto eu não previ
Agora que presa estou
Preciso me corrigir.
Vou dizer pra minha filha
Simplesmente e só verdade
O seu pai andou na trilha
Não vive de falsidade
Não faz parte de quadrilha
Sempre agiu com lealdade.
Quando disse pra menina
A menina retrucou
Você tem língua ferina
Todo o tempo me enganou
Viver só é a sua sina
O meu pai sempre me amou.
Vou agora o procurar
E dizer o quanto o amo
Dele não vou separar
Ele é um ser humano
Aprendi dele gostar
Vendo você causar dano.
Eu daqui estou saindo
Vá procurar o juiz
Diga a ele que estou indo
Pro lugar que sempre quis
Você vive me traindo
E merece o que eu fiz.
Foi então viver com o pai
La viveu até casar
Ao seu pai sempre distrai
Tem um neto pra chegar
Sua mãe agora vai
Tão somente a visitar.