ERROS COMUNS DA LÍNGUA PORTUGUESA

I

Nossa Língua Portuguesa,

Língua de rara beleza.

A ela não damos valor

Devido à nossa pobreza.

Por aqui estrangeirismo

Abunda sem gentileza.

II

Muitos erros bem comuns

Vou mostrar neste cordel

E não será muito fácil

Colocá-los no papel.

E à nossa Língua dar

Contribuição a granel.

III

Jamais poderei dizer

Que fazem quarenta dias.

Pois quando exprime tempo,

Este verbo não varia.

Verbo haver também não,

No sentido de existia.

IV

Houveram muitos problemas

É coisa de ignorante.

Conjugar o verbo haver

Deve saber o estudante.

Termo vende-se terrenos

É outro erro gritante.

V

Na voz passiva o verbo,

Se transitivo direto,

Concorda com complemento.

Mas se ele for indireto,

Não é necessário mesmo

Concordar com seu objeto.

VI

Quanto aos nomes geográficos,

Precedidos de artigo,

Que estejam no plural,

Verbo passa a ser amigo,

Se não for pluralizado,

Arranjará inimigo,

VII

Se assim não proceder.

Na expressão mais de um

Verbo vai pro singular.

Pra ninguém fazer zunzum.

Pois conhecer nossa Língua

Devia ser coisa comum

VIII

Pra todos os brasileiros.

Os números fracionários,

Com o valor expresso,

Concordam, neste cenário.

Pois para se escrever bem,

A Língua quer legatário.

IX

Horas e outras palavras,

Sempre sofrem variação,

Quando o tempo definem,

Não importa a situação.

Já com palavra nenhum

O plural não cabe não.

X

Obrigado, disse a moça.

Com o sexo da pessoa,

Que faz o agradecimento,

A palavra, numa boa,

Tem sempre que concordar

A Língua ainda abençoa.

XI

Estava meia adoentada,

Aqui nunca terá vez.

Porque meio é um advérbio,

Não varia em Português.

Se disser meio-dia e meio

Mais um erro do freguês.

XII

Porque neste caso o meio

Ao dia não é referente,

Mas tão somente à hora,

Tal construção não consente.

Outra coisa muito feia

É escrever derrepente.

XIII

Em anexo é um termo

Que é muito condenado.

Anexo um adjetivo

Que deve ser combinado,

Com o substantivo que

A ele vem agarrado.

XIV

As palavras há e atrás

Indicam coisas passadas.

Assim: há dois anos atrás,

A frase está bem errada.

E em “já” não há” mais” motivo

Uma tem que ser cortada.

XV

Também encarar de frente

É um outro erro grosseiro.

Como elo de ligação

Só diz quem for um tropeiro,

Também aquele que fala

Que foi ao cabelereiro.

XVI

Preço do bem é barato

É mais uma redundância

Pois barato indica preço,

Caro a mesma circunstância,

Um indica preço baixo

O outro em abundância.

XVII

O livro é pra mim ler.

Mim não pode ser sujeito

Só em filme faroeste

Índio faz esse desfeito.

Procure falar melhor

Num Português bom, perfeito.

XVIII

Falar entre eu e você

É totalmente incorreto.

Depois de preposição

Mim ou ti é o correto.

Deixei ” ele” no serviço

Fala quem não é esperto.

XIX

Pronomes do caso reto

Não são objetos diretos.

Já em eu não lhe conheço

Lhe é objeto indireto

Com o verbo conhecer

Use “o”, o pronome correto.

XX

A firma daria-lhe,

Neste mês, boa promoção.

No futuro do presente

Não cabe tal colocação.

Também se for do pretérito

Há erro na construção.

XXI

Quando falava-se dele

Colocação é errada.

Advérbio atrai pronome.

E a frase fica acertada.

Já, em você viu meu óculos!

Há também outra mancada.

XXII

Pois óculos é plural.

E as suas acompanhantes

Devem ser pluralizadas.

Uma pessoa ignorante:

tirou a prova dos “nove”,

Isso se diz todo a instante.

XXIII

Nunca diga essa frase:

Tira féria em janeiro.

Férias são dias de descanso.

Féria é sempre dinheiro.

Se falar festa de núpcia

Mostra que é um tropeiro.

XXIV

Estava com dor na costa,

Se você for litoral.

Porque a parte do corpo

Está sempre no plural.

Os três eram surdo-mudos

Plural dos dois o normal.

XXV

Preferia os tons “pastéis”

Cor, quando for substantivo,

Não sofre variação.

Esse erro é nocivo.

E que pode se tornar

Um falar mal, compulsivo.

XXVI

As camisas azuis-claras,

As águas azul-turquesas

E os raios-ultravioletas,

Fique de antena acesa,

Os termos não têm plural.

Escreva com bem certeza.

XXVII

Comprou comida por kilo;

Eram casas germinadas;

Obrigado meretíssimo.

As formas estão erradas.

Mérito dá meritíssimo.

Desse modo é grafada.

XXVIII

A comida é por quilo,

As casas são geminadas

Beneficência, mendigo

Formas que não são erradas.

Casa não foi depedrada,

Entretanto, depredada.

XXIX

Não existe incrustrada

Mas a palavra incrustada.

Assim como não se diz

Uma pessoa é frustrada.

Pois o verbo é frustrar

De onde é derivada.

XXX

Palavra não é gorgeta

E também não é tijela.

Viagem tem com “g” e “j”

E assim é berinjela .

No Ceará tem fruta ótima

A excelente siriguela.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, JANEIRO/2015.