Viagra matuto (reedição)
Já vi gente importante,
Os doutô da medicina,
Home de bula e ampôla,
Cum seu jaleco elegante
E o seu oiá de vacina,
Traçá o destino da rôla.
A danada adurmece,
Asdispois da meia idade,
Fica lerda e priguiçosa.
O precoço se amulece,
Diminui pela metade,
E já num é tão viçosa.
As pena tudo imbranquce,
O papo fica vazio
Caído no vão das perna.
O canto disaparece,
E se incuruja no frio,
Feito majó na caserna.
Pomba triste é nome,
Que iscolheram pra ela
Os matuto sertanejo.
A bicha num sente fome,
Alembra fogo de vela,
Que se apaga num bucejo.
Vixe, meu pade Ciço!
Meu santo miraculoso,
Que alumiô o setão.
Há de vortá a tê viço,
Há de arribá o precoço,
Nos calô das oração.
Das oração fervorosa,
Invocando das altura,
A força que vem da fé.
Pra esta dô dolorosa
Ganhá a bença da cura,
E a rôla ficá de pé.
A coitadinha tá magra
Que nem cipó de bambu,
Que nem vara de pescá.
É que padece de praga,
Tá no bico do urubu,
Dançando de lá pra cá.
Nunca mais moiô o bico
Nas gruta do xirí mole,
Nos ôi d’agua das cunhã.
Tá morando num pinico,
Dobrada que nem um fole,
Sem sabê do amanhã.
Aí, sugiu um matuto,
Sem diproma de dotô,
E arresolveu a muléstia.
Êta cabôco astuto!
Valei-me nosso sinhô!
Do tamanho da mudéstia!
Diz que o cabra fez um chá
Dos pentêio de muié,
E adoçô no mé de abêia.
E do pó do guaraná
colocô duas cuié.
Tirô o saingue da vêia,
E amisturou na mistura,
Com a bôrra de café,
Que bebeu no outro dia.
Um mói de capim gurdura,
Mais o suó do chulé
Tirado inquanto fidia.
Feito o chá, a infusão,
Merguiô a rôla dentro
Até as pena fervê.
Fez disaforo pro cão,
Soltou um chêro no vento
Logo dispois de bebê.
A rôla bateu as asa,
Arrupiô toda as pena,
Abriu o bico e cantô.
Uma vuada bem raza,
Numa distança piquena,
E adispois decolô.
Assubiu feito avião
Quande arrecolhe os pneu,
E bota a venta pra riba.
Dispois disgrudô do chão,
E rumou, no céu de deus,
Pras banda da Paraíba.
Mode um erro de planage,
Foi batê em Teresina,
E veve lá desde intão.
Se entregou à vadiage,
Dispensou a vasilina:
hoje só canta na mão!
Já vi gente importante,
Os doutô da medicina,
Home de bula e ampôla,
Cum seu jaleco elegante
E o seu oiá de vacina,
Traçá o destino da rôla.
A danada adurmece,
Asdispois da meia idade,
Fica lerda e priguiçosa.
O precoço se amulece,
Diminui pela metade,
E já num é tão viçosa.
As pena tudo imbranquce,
O papo fica vazio
Caído no vão das perna.
O canto disaparece,
E se incuruja no frio,
Feito majó na caserna.
Pomba triste é nome,
Que iscolheram pra ela
Os matuto sertanejo.
A bicha num sente fome,
Alembra fogo de vela,
Que se apaga num bucejo.
Vixe, meu pade Ciço!
Meu santo miraculoso,
Que alumiô o setão.
Há de vortá a tê viço,
Há de arribá o precoço,
Nos calô das oração.
Das oração fervorosa,
Invocando das altura,
A força que vem da fé.
Pra esta dô dolorosa
Ganhá a bença da cura,
E a rôla ficá de pé.
A coitadinha tá magra
Que nem cipó de bambu,
Que nem vara de pescá.
É que padece de praga,
Tá no bico do urubu,
Dançando de lá pra cá.
Nunca mais moiô o bico
Nas gruta do xirí mole,
Nos ôi d’agua das cunhã.
Tá morando num pinico,
Dobrada que nem um fole,
Sem sabê do amanhã.
Aí, sugiu um matuto,
Sem diproma de dotô,
E arresolveu a muléstia.
Êta cabôco astuto!
Valei-me nosso sinhô!
Do tamanho da mudéstia!
Diz que o cabra fez um chá
Dos pentêio de muié,
E adoçô no mé de abêia.
E do pó do guaraná
colocô duas cuié.
Tirô o saingue da vêia,
E amisturou na mistura,
Com a bôrra de café,
Que bebeu no outro dia.
Um mói de capim gurdura,
Mais o suó do chulé
Tirado inquanto fidia.
Feito o chá, a infusão,
Merguiô a rôla dentro
Até as pena fervê.
Fez disaforo pro cão,
Soltou um chêro no vento
Logo dispois de bebê.
A rôla bateu as asa,
Arrupiô toda as pena,
Abriu o bico e cantô.
Uma vuada bem raza,
Numa distança piquena,
E adispois decolô.
Assubiu feito avião
Quande arrecolhe os pneu,
E bota a venta pra riba.
Dispois disgrudô do chão,
E rumou, no céu de deus,
Pras banda da Paraíba.
Mode um erro de planage,
Foi batê em Teresina,
E veve lá desde intão.
Se entregou à vadiage,
Dispensou a vasilina:
hoje só canta na mão!