POUCAS E BOAS

POUCAS E BOAS

O mundo inteiro endoidou

Diga-me, o que faço agora?

Ninguém mais sabe da hora,

Nem quando começa o dia.

É bala pra todo lado,

Propina a torto e a direito,

E o povo insatisfeito

Numa total agonia.

A gente não se entende

Falta leite, falta mel,

É uma Torre de Babel

Problema pra todo lado.

Gente boa fica presa,

Dentro de casa, enjaulada,

Enquanto a rapaziada,

Faz festa com baseado.

Se você tenta sair

E põe a cara na rua,

A verdade nua e crua,

Vê logo uma confusão.

Os carros passam a cem,

Duzentos, a mil por hora,

Atropelam, vão embora,

Deixam a pessoa no chão.

O serviço de resgate

É uma calamidade,

A saúde, na verdade,

Está em fase ruim

O cara fica estendido

No asfalto estatelado,

O corpo todo quebrado,

Branco, igual alfenim.

Daqui que o resgate chegue

E o trate como merece

Às vezes já nem carece

Pois o pobre já morreu,

Foi de uma morte matada

Ou foi de morte morrida,

Só por causa da batida

A alma se escafedeu.

Você passa, dá “bom dia”,

E recebe um olhar feio

Sente logo o receio

Da alma desconfiada,

A inflação leva tudo

Acaba com a alegria,

Deixa a pessoa arredia

Com cara de assustada.

Falta água, sobra chuva,

Mas a seca continua

A gente anda na rua,

Vê lixo pra todo lado.

E o dinheiro da nação,

Procurando o paraíso

Com bote, mais que preciso,

Quase sempre é desviado.

O tal de bicho corrupto

É muito inteligente,

Mas é a praga indecente

Que mina a nossa nação.

Não pode ver um tostão

Vai logo surrupiando

E deixa o pobre chorando

Com o caneco na mão.

Com tanta dificuldade,

A coisa não está boa

E eu aqui a cantar loa,

Com um eterno vaivém.

Se a minha reclamação

Não mudar este cenário,

Vou encurtar meu rosário,

E ficar doida também!...

***

Maria do Socorro Domingos

João Pessoa, 16/01/2015

Mariamaria JPessoa Pb
Enviado por Mariamaria JPessoa Pb em 17/01/2015
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