Frei Dimão exorta a turba
Pela babas do profeta
precisamos toda união
eu vivendo, como as ceta
e o Recanto na perdição
Condenei tórridos namoros
do portão até o paiol
e ouvi tantos choros
arrependidos, ao arrebol
O rebanho anda tão disperso
que para juntá-lo primeiro
recorro ao sacro verso
e à ajuda do motoqueiro
Mas ele anda muito ocupado
enquanto o selim alisa
pois é duro o baralhado
da noturna entrega de pizza
Em torno da mesa do Wramos
faz-se bastante poesia
mas galhos, se quebramos,
melhor ter barriga vazia
Jovem que se vê perseguida
que corra pra sacristia
lá lhe darei toda acolhida
com um pouco de rezaria
O círio lá, sempre aceso
é zelo de Kathmandu
mas quem tem o rabo preso
cuidado pra não queimar o cós
Com o erre erre Soares
pretendo fazer parceria
se ainda sobrarem lugares
em sua alfaiataria
Ele é pregador de truz
e da fé, maior pegador
sempre junto com Jesus
que lá anda sem andor
Do Apóstolo, o que dizer
senão que é o vero milagreiro
na senda celeste, ao aparecer,
tem o candor de um borracheiro
Caju e Castanha andam silentes
mas fazem bela parceria
unindo cristãos e crentes
na simétrica cantoria
Je ne parle pas français
diante dessa fuzilaria
a França já nos deu mais
mas Voltaire, voltaria?
Lá canta o bom Aznavour
mais canoro que um bentivi
embora homme au jour le jour
à noite já foi de travesti
São as trapaças da sorte
que tem que aguentar um prelado
cercado de mulher de short
tendo que fingir que é (en)viado
E o calor libera geral
mas inda à praia irei pregar
condenando fio dental
e a areia que queima ao entrar
Sereias eu condenarei
pois onde já se viu isso
metade pecado, bem sei
só para atrair noviço
Batinas andam puídas
por que ingente é o obrar
com as cãs encanecidas
e o maligno a fustigar
O cajado tanto rendeu
no obrar da conversão
de Galisteu ao Cirineu
e Pilatos engoliu o sabão
Amaury Junior ainda chegará
bem breve, no seu papel
uma noite ele filmará
a mais bela festa no céu
O Ronnie Ésper espero
pois é um guapo muy serio
levá-lo eu bem quero
pra decorar o cemitério
A musa de Araçatuba
notícias não mais mandou
aquela terra da suruba
será que Sodoma virou?
Quanto ao dedinho de Luna
um milagre eu vou pedir
mas peço que a grei se una
pra meus brados repetir
E se a vela de espermacete
vai exaurindo lentamente
eu pergunto a toda facurete
se o Pai não é mais q(l)emente
Pensei em ir a Assis
pra rezar uma novena
mas a Itália não tem Paris
e vou cuidar de minha Verbena
Kellentidão eu testemunho
no provar dos calçados
a esse propósito eu cunho
de ser o maior dos pecados
Vou elevar Nanda Araújo
ao patamar de Superiora
o (b)mosteiro anda muito sujo
precisando de boa vassoura
Fica em exposição o cajado
que me levou a Compostela
contudo se muito osculado
o seu duro madeiro mela...
Fugindo do pau, que em doido dá, mas que santo um dia será, a musa de Araçatuba faz uma retirada estratégica:
É que a musa de Araçatuba/
de lá mesmo embarcou pra Cuba/
foi dar um jeito na juba/
e nem chegou fazer suruba.///
Obsequiosa e pia, de Monay, compunge-se na fé e, mesmo sem pó, ou carimbó, bate o pé, facuriana que é:
Enxuguemos essas babas\
Na toalhinha milagreira\
Nesse recanto não vemos o Papa\
Só moças namoradeiras\
Prendeste os namoricos\
E foste bem enganado\
Por muitos paparicos\
Desse povo engajado\
Esse motoqueiro é muito hard\
Vamos rezar para a sua alma\
Pois as moçoilas por ele ardem\
Então o invocaremos com calma\
Esse homem alisa tudo\
E enfia o dedo nas pizzas\
Parece ter pacto com o chifrudo\
E assim correm as notícias\
Coitada da Guidinha\
Precisa é de descanso\
Você sacrifica a lindinha\
Chega a dar ranço\
Do Nepal vim para a messe\
Acender o círio e deixá-lo bem quente\
Mas um tal frei quer que ainda reze\
Para que a moça o rele mais rente\
A praia anda pelada\
Com tanta bunda à mostra\
Convidarei o frei para a jornada\
E rezaremos com a mesa posta\
No Rio é o que mais tem\
Sereias peladas luzindo\
Frei Dimão vem até de trem\
E o sacanás vem cuspindo\
Batinas puídas? Bem sei\
Nunca escutei tantos puns\
A irromper essa grei\
Vamos contar alguns?\
Esse cajado é bem durengo\
Todas querem deslizar as mãos\
Até a torcida do flamengo\
Só o fluminense que é bem são\
A vele se derrete bem lânguida\
Culpa de um tal Facuri vate\
Vamos pedir a Guida\
Que ele nos traga o alicate\
Vamos a praia da Barra\
Comer camarão fresco\
E pra frente tem mais farra\
Eu te dou o adereço\
Nanda nem trela te dá\
Anda cansada de suas ideias\
Talvez nem queira vir para cá\
Irá se juntar a bispa Francileia\
Esse cajado é bem melado\
Parece um doce torrão\
Contudo chamarei os sumo p(r)elados\
Para o ósculo e a oblação\
A recém-promovida madre superiora irmã Nanda Araújo chama Frei Dimão à responsabilidade espartilhada enquanto sobe e desce escada:
Vou puxar-lhe bem sua orelha/
Por ter estragado a batina/
Nem queixe que ficou vermelha/
Pois me altera a adrenalina.//
Quanto à limpeza do mosteiro/
Organizo logo um mutirão/
E deixe de ser bagunceiro/
E segue na linha o alcorão.//
E se prometer ficar bonzinho/
Com tanta gente trabalhando/
O mosteiro virará um cantinho/
E as ovelhas entrarão em bando!