Frei Dimão admoesta as facuretes

No púlpito volto a subir

como já fiz em caminhonetes

mes propósito é advertir

para a sanha das facuretes

Andam pecando às pencas

que se espalham pelo jardim

são ardilosas avencas

que trepam em tudo, enfim

O seu gesticular

é coisa que não arremedo

insinua o testicular

que se ensina em alheio credo

Já recorri ao Eterno

à busca de salvação

contudo só acham moderno

o que inspira salivação

Há delas uma legião

que já controla o Recanto

e rumam na perdição

que até ao Pai dá espanto

Tudo isso por culpa de um vate

motoqueiro e poeteiro

que comete o disparate

de imitar Cupido por inteiro

Meu rebanho assim se esvai

já não mais tenho argumento

recorro assim ao Pai

que se não cura, dá o unguento

Eu venho contando ovelhas

que passam de mil e cem

movidas pelas centelhas

desse formidável harém

Lá já fui dar uma espiada

para almas ali converter

contudo aquela moçada

do inverso é que quer saber

Lágrimas jorrei e orei

mas o Apocalipse chegou

assim portanto, nem sei

se de lá alguém escapou

Vou brandindo meu cajado

à busca de ovelhas fiéis

é desafio dobrado

derrota das mais cruéis

E se amontoam batinas

à espera de boa lavagem

e até pra rezar matinas

só me cobri com aniagem

Recorri ao bom Valdemiro

Apóstolo décimo-terceiro

que em Judas daria um tiro

pra botar ordem no pouteiro

Um dízimo vou instituir

para me equilibrar então

arrecadar, vou admitir

e me abro até ao mensalão

Temos que evitar um Barbosa

se valha desta ocasião

já é rota muito pedregosa

a que leva ao petrolão

Ao invés do paraíso

vou à procura doutro sinal

reformar é preciso

e a salvação é o pre-sal

Quando ouço o badalar

dalguma alma tocando o sino

a hora é de revelar

quero também meu Valentino

Kathie se compadece e, voltando à grei, ora pela cartilha do frei:

Tens de orar bastante\

Como manda o figurino\

Talvez possas ir adiante\

Dentro de um valentino\

Esqueças esse tal vate\

Ele nem é tão divino\

Você precisa é de um resgate\

Que te motive esse badalar de sino\

Ore então, meu bom frade\

E só assim vencerás o maligno\

E (In)Certo Alguém, do mistério surge, e me urge, trombeteando Tolstói, na verdade que corrói:

Esqueça esse motoqueiro\

Você é o nosso herói\

É o cara da Romi-Isetta\

Não teime em ficar dodoi\

E eu rasgo a minha camiseta\

Mostro tudo que te corrói\

Toco até um solo de trombeta\

E nem precisa do pensamento de Tolstoi\

E, mesmo ameaçada de ser chupada, Balinha, docinha e rolicinha, entra na parada, desembrulhada:

Chupemos então a balinha de anis\

E assim vamos caminhando nessa labuta\

Deixemos as facuretes por um triz\

Mas não coloquemos a mão nessa cumbuca\

Deixe que elas pedirão um bis\

E daí o frei mostra a pururuca\

De Facuretes para Braziletes eis o xis\

Nessa questão tão delicada de permuta\

E daremos os nossos 'sins' \

Antes que o Facuri tente uma mutreta\

E depois não diga que é problema de rins\

Pois senão o demo cutuca o capeta\

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 07/01/2015
Reeditado em 08/01/2015
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