A NOITE.

Era eu dentro da noite

E a noite a dentro ia

A noite era imensa

E a tudo percorria

Com a boca aberta de sede

Todo sereno bebia.

E majestosa se erguia

Do chão ate o infinito

Tão fria como o mármore

Escura como o granito

Parecia em seus mistérios

Uma deusa lá do Egito.

Dela nasceu o mito

A lenda a ficção

Mas a noite não tem culpa

De tanta imaginação

Deram a noite istorias

Sem lhe pedir permissão.

A noite foi criação

Do artista Soberano

Pintou tudo por igual

O sagrado e o profano

O pano branco o dia

A noite o escuro pano.

O imponente oceano

De perigosas tragadas

De navios tão potentes

De pequeninas jangadas

Se curva a noite grande

Em suas ondas salgadas.

O verde das esmeraldas

O brilho do diamante

Por mais nobre que seja

Não é o mais importante

A noite é uma grande pedra

O mais escuro brilhante.

Na tribo de um xavante

No quilombo dos palmares

Pelos mangues do Recife

Na fartura dos pomares

A noite transborda o escuro

Como um cálice nos altares.

Dentre todos os milagres

Esse ELE aprimorou

Foi no cafezal celeste

E uns caroços torrou

Soltou o pó no espaço

E anoite assim se formou.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 05/01/2015
Código do texto: T5091500
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