SUPERSTIÇÃO
Quero aqui falar, do que eu ouvia antigamente.
Ensinavam isso a gente, sem nos dá explicação
E mesmo não entendendo, aceitávamos o enredo.
O povo nos fazia medo, com uma tal superstição
Quando criança, o que eu lembro quero contar.
Ninguém podia passa, sobre espojeiro de jumento.
Isso não era invento, mas confesso: não entendia.
Quem pisasse lá cuspia, fazendo até juramento.
Chapéu de boca pra cima, ninguém poderia deixar.
Tinha que desemborcar, e colocá-lo então direito.
Deixar o chapéu daquele jeito não se permitia não
E tinha que tirá-lo do chão, pra ficar tudo perfeito.
A sandália emborcada, com o solado para cima.
Fazendo aqui minha rima, não se podia deixar.
O Porquê ninguém sabia, só que era proibido.
Era até sem sentido, mas ninguém sabia explicar.
Passar por baixo de escada, era pecado capital.
Era de fato um grande mal, que se devia evitar.
Ninguém poderia passar, para evitar maldição.
Era tanta superstição, que nem gosto de lembrar.
Por cima de um cabresto, ninguém podia passar.
Mas ninguém sabia explicar, essa recomendação.
Era tanta informação, que nem gosto de lembrar.
Mas ninguém podia deixar de seguei a orientação
Passar sob o arco-íris, conto aqui esta crueldade.
Falando mesmo a verdade esse medo me consome
Coitado de quem fosse homem, acredite se quiser.
Pois ele virava mulher e a mulher virava homem
Gato preto na encruzilhada, ninguém queria ver.
Isso até tinha o porquê, era coisa de macumbeiro.
Que lá de seu terreiro, comandava a macumbaria.
Todo mundo disso sabia, e tinha como verdadeiro.
Isso nada, era explicado, mas tudo era proibido
Proibição sem sentido, e não se podiam reclamar.
Ouvindo o povo falar, o jeito era mesmo obedecer.
Cumprindo assim um dever, tínhamos que acreditar.
Era tanta recomendação, para nos amedrontar.
E de medo até chorar, com tamanha barbaridade.
Mas era só crueldade, aquela mentira do cão.
Pois a tal superstição, nunca foi mesmo verdade.