Frei Dimão faz oral pra espantar o mal

P´las ovelhas tresmolhadas

teço agora humilde prece

pelos trilhos pelas quebradas

até o Senhor pa...desce

Enquanto a erva cresce

sem os cuidados de Adão

até Eva se abastece

da serpente de plantão

Tentei firmar meu evangelho

mas prevaleceu outro credo

sinto-me agora um escaralhelho

mas da fé o pé não arredo

Na suprema gozatura

das benesses celestiais

andei atrás de virgem pura

mas vi foi Caifaz e Anaz

Encontrei também Barrabás

a quem prometi soltura

pois Cristo na cruz é um ás

e dos males ele é que cura

E na hora de pregação

de Cristo no santo lenho

cravo haverá de montão

com o martelo no empenho

Orei com São Malaquias

que tem fama de feiticeiro

do negreiro saiu Abdias

e fez do céu um bras(il)eiro

Espero a bem-aventurança

que pança nenhuma enche

mas enquanto houver esporrança

todo vadio e vazio se preenche

As chuvas estão tardando

do Apocalipse eis o sinal

com o Sacanás salivando

sem obra já mostra o tau

No Apóstolo Valdemiro

apostolei minha idéia

tali um que muito admiro

junto com sua Franciléia

Papa Chico é bom rapaz

malgrado ser argentino

esse hermano tão contumaz

em achar Pelé um desatino

Sou pelo celibato clerical

pois frade não deve se casar

senão faz filho o escambau

e deixa pro bisco cuidar

Enquanto o tempo passa

me agarro à ampulheta

esse vício é uma desgraça

e de graça, fá-lo o capeta

Minha vela esperma às sete

já há muito o fogo apagou

e não pinta uma facurete

enquanto só lava sou

Sigo a rota do paraíso

como a um pio frade convém

olho pro ispeio e espio Narciso

mas Facuri é que é o dono do harém

Kathie, com a castidade que é a sua identidade, se submete - e mete - aos sacros desígnios do frade:

Peça insistentemente\

Todavia é mais seguro\

Que não dê fé só... mente\

Antes que dê pé o augúrio\

Erva cresce nos muros \

E das lamentações eu juro\

Que prefiro o Adão bem duro\

E não dou o perjúrio\

O teu evangelho é bem firme\

É duro feito o nobre madeiro\

Então venha e exorcize-me\

Antes que eu toque o pandeiro\

Assim como Gioconda\

Te mostro o sorriso pálido\

É virginal do tipo Jane Fo(n)da\

E então desfiarei o teu rosário\

Encontrei também a Marron\

Lá no terreiro da mãe Tanajura\

E ela prometeu passar Oncilon\

Nessa minha assadura\

E nessa hora eu rogo aos céus\

Para que todas as aves eu veja\

E que me conduzam ao leú\

Para eu comer toda a cereja\

Orei a São Longuinho\

Para encontrar o Brasílio\

Daí me veio o Facurinho\

Só pra implicar nesse nosso idílio\

E Kathie prossegue, compungida, na oralção preferida:

Que venham as esporranças\

E que se mele mais um refém\

Daí clamo São Jorge e a lança\

E vejo se restou mais alguém\

A seca é visível\

Vamos rezar pra molhar\

Essa nossa fé é incrível\

Chama Dimão pra regar\A

postei também no milhar\

Quero ficar bem rica\

E depois viajar pra carilha(r)\

Lá pras bandas de Benfica\

Chiquinho é gente boa\

Mostra simpatia 'pradanar'\

Vamos depois fazer umas loas\

E botamos os Argentinos pra pedalar\

Quero casar com o frei Dimão\

Ter bastante filho feito coelho\

Depois a gente vende chimarrão\

E manda pros padres todos os pentelhos\

Eu prefiro tocar trombeta\

E assim passo o meu tempo\

Mas também gosto de siri... nheta\

E daí vou escalpelando o demo\

As Facuretes são religiosas\

E estão rezando no templo\

No mais, tenha fé nas mimosas\

Que elas serão Braziletes ao seu tempo\

Facuri é o dono do harém\

Assim como o frei Danado\

E quanto ao paraíso, amém\

É muito sumo p(r)elado\

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 29/12/2014
Reeditado em 29/12/2014
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