Se e quase

Se e quase são palavras

Usadas com tal frequência

Tanto na causa excedente

Como na insuficiência

São singelas assertivas

Falsas justificativas

Que alçam a decadência.

Se e quase não pertencem

À fala dos vencedores

Muito antes são desculpas

Da fala dos perdedores

Representam a falência

A marca da incompetência

Do fracasso e dos temores.

Se e quase não são prêmios

Nem muito menos medalhas

São simples consolações

Do dissabor das batalhas

São petiscos e engôdos

São trapaças a nós todos

A disfarçar nossas falhas.

Se e quase não são honras

Tampouco uma forma ingrata

De consolar o calouro

Ou com bronze ou com prata

São formas de se dizer:

Tente de novo fazer

Senão hoje, noutra data.

Se e quase pereceram

Não construíram memória

Não pertenceram a Aquiles

Que só conheceu a glória

Não eram de Odisseu

Nem também de Prometeu

Grandes mitos da história.

Se e quase, alguém me disse

Que eram dois anjos caídos

Que do Céu foram expulsos

Pois andavam possuídos

Da inveja e da trapaça

Do ardil e da ameaça

Mas por Deus foram vencidos.

Se e quase são pretextos

Justificam baixas notas

São consolos inocentes

Das vergonhas e derrotas

São troféus enferrujados

São louros esfacelados

São desculpas idiotas.

Bosquim
Enviado por Bosquim em 27/12/2014
Reeditado em 12/03/2017
Código do texto: T5082707
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