Se e quase
Se e quase são palavras
Usadas com tal frequência
Tanto na causa excedente
Como na insuficiência
São singelas assertivas
Falsas justificativas
Que alçam a decadência.
Se e quase não pertencem
À fala dos vencedores
Muito antes são desculpas
Da fala dos perdedores
Representam a falência
A marca da incompetência
Do fracasso e dos temores.
Se e quase não são prêmios
Nem muito menos medalhas
São simples consolações
Do dissabor das batalhas
São petiscos e engôdos
São trapaças a nós todos
A disfarçar nossas falhas.
Se e quase não são honras
Tampouco uma forma ingrata
De consolar o calouro
Ou com bronze ou com prata
São formas de se dizer:
Tente de novo fazer
Senão hoje, noutra data.
Se e quase pereceram
Não construíram memória
Não pertenceram a Aquiles
Que só conheceu a glória
Não eram de Odisseu
Nem também de Prometeu
Grandes mitos da história.
Se e quase, alguém me disse
Que eram dois anjos caídos
Que do Céu foram expulsos
Pois andavam possuídos
Da inveja e da trapaça
Do ardil e da ameaça
Mas por Deus foram vencidos.
Se e quase são pretextos
Justificam baixas notas
São consolos inocentes
Das vergonhas e derrotas
São troféus enferrujados
São louros esfacelados
São desculpas idiotas.