O OSSO E O CACHORRO.

A tristeza de um cachorro

É guando não tem um osso

É criança sem chupeta

Chorando sem ter colosso

É chicote sem feitor

Político sem eleitor

É colar sem ter pescoço.

O osso para o cachorro

Não é um osso somente

Guando ele tá roendo

Nem se quer liga pra gente

Outro cão não chega perto

Se não o golpe é certo

Na habilidade do dente.

O lutador na arena

Não se atrevia a perder

Lutava para matar

Matava pra não morrer

O vira-lata entra em luta

Por um osso disputa

Só para poder roer.

Eu fico imaginando

Coisas na minha mente

Um quartel só de cachorro

Sem coleira e sem corrente

E um cachorro oficial

Dando a outro cão leal

Um osso como patente.

Se eu tivesse o poder

Que o criador tem

Pra cada cadela prenha

Fazia o que lhe convém

Escrevia em pergaminho

Que pra cada cachorrinho

Vinha um ossinho também.

Antes da modernidade

Que a internet oferece

Cachorro vinha equipado

Sem que ninguém soubesse

Ele localizava um osso

Podia ser fino ou grosso

Sem chip nem gps.

Um osso é muito importante

Tem patente e tem respeito

Pode ser velho ou novo

Sempre faz o mesmo efeito

O osso cai sempre em graça

Do vira-lata ou de raça

Osso é osso não tem jeito.

Se um cachorro tá zangado

Botando os dentes pra fora

Faça do osso um cachete

Que o bicho logo melhora

Se acalma no mesmo instante

Pois o osso é um calmante

E amansa na mesma hora.

Entre o osso e a cadela

O cachorro faz mistério

A escolha é difícil

Aí é um caso sério

Que não fica pra depois

O danado fica com os dois

Sei ligar pro adultério.

Se cachorro fosse cantor

Seria mesmo incrível

Cantava Roberto Carlos

Era um artista sensível

O premio logo ia vindo

Ganhando o "Grammy latindo"

Com a música "ossoterrivel".

A natureza não erra

O que tá feito tá feito

Não importa a cor do pelo

Pra o bicho tá satisfeito

Se o cachorro preto retinto

E o osso branco destinto

Ele rói do mesmo jeito.

Já o cachorro de feira

Entra em beco apertado

Urina pelas calçadas

E segue rumo ao mercado

Que é lá que tá seu osso

Pois o feirante mais moço

Sempre deixa um guardado.

Cachorros velhos de guerra

São como sábios de fato

Já não disputam as cadelas

Nem correm atrás de gato

Mais guardam sem sentir medo

Um osso bom em segredo

Cavado dentro do mato.

Recordo bem do meu tempo

As coisas eram assim

Televisão preto e branco

Forte apache tudo em fim

Lá não existia embuste

Aposto que o cabo Rusty

Dava osso ao rin tin tin.

Se a vida lhe dá um osso

Se faça por merecer

Seja você um cachorro

E dane o pau a roer

Seus dentes ficam afiados

Seus medos são triturados

Aí você vai vencer.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 21/12/2014
Código do texto: T5076314
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