Frei Dimão concita Kathie à prece - e Kathie obedece

Há muito não voltas ao aprisco

para as matinais abluções

em volta de meu obelisco

que não te dá mais emoções

E se andaste refugiada

em meio aos talibãs

a tua fé foi maculada

dizem-mo as minhas cãs

De perto viste a cimitarra

assim também o cutelo

enfrentaste vera barra

e pro Divino eu apelo

Esses são os sarracenos

são gentios, são infiéis

no seu obrar obsceno

chegam a cantar em cordéis

Pega com o sacro esposo

que é um arcanjo protetor

senta ao lado do phoderoso

é teu tio também teu penhor

Evita as tábuas do Wramos

onde a perfídia se estimula

pois lá quando pecamos

vai-se muito além da gula

Pra ler algo espetacular

vê HLuna, com toda atenção

mas não deixes Cupido entrar

e só gozes, com moderação

De Facuri, distância mantém

ele é o homem do Valentino

e quando teus pés retém

pode levar-te ao desatino

Batinas para o natal

de novas vou precisar

Nandinha mas passou mal

e o ferro vou lhe passar

Na luta pela sal(i)vação

foge da concupiscência

ela leva à perdição

e é injusta comporrência

Cuida bem de meu círio

que anda com lumiar mortiço

ele que já levou ao delírio

hoje não é mais que roliço

Entende-te com a Franciléia

para o pão diário ministrar

ela é mestra numa boa idéia

e campeã no arrecadar

Para os teus saudáveis pulmões

cumpre o bom inspirar

mas se houver alguns senões

chave do sacrário taí pra chupar

Cuida bem de meu cajado

abacial, que empenhou

de tanto ter trans(it)ado

e tantalma que sal(i)vou...

Kathie, apascentada, dá testemunho de sua fé, abrasada:

Voltarei para a o seu aprisco\

Porque sou a santa ovelha\

Vou montada no corisco\

Vou depressa, deu na telha\

Não entro em milícias\

Sou pura e sem mistura\

Mas te deito na malícia\

Teu grisalho é a minha cur(i)a\

Dá-me a tua cimitarra\

Deixa na minha lomba o vermelho\

Depois farei a algazarra\

Debaixo do teu relho\

Adoro esse povo árabe\

São gostosos que nem kibe\

E depois vê se não me babe\

Que não darei nem o meu bife\

Apego-me a esse arcanjo\

Que têm as asas protetoras\

E sempre toco o banjo\

Pra sua haste redentora\

Sou gulosa ao extremo\

Derroto todas as tábuas\

E sei que isso é coisa do demo\

Rogo a Santo Antônio de Pádua!\

A HLuna é formidável//

Moça bonita e bem sapiente//

Agora, sei que é improvável//

Que ela tome do seu aguardente//

Facuri é um potente árabe//

Apaixonado por pezinhos//

E eu o espero até que o mundo acabe//

Ele me trazer os chinelinhos//

Trarei as tuas novas batinas//

Mas não se deixe na flatulência//

Porque Nanda já não mais opina//

Com essa sua decadência//

Serei salva pelo frei Dimão\

Esse anjo de pessoa\

Tão puro como um corrimão\

Já passei-lhe a mão, e não foi à toa!\

Teu círio eu seguro forte\

Não deixo a luz apagar\

De tanto terei a sorte\

De nele me re(ali)zar\

Arrecadarei para a nossa igreja\

Toda a propina de Franciléia\

Ela parece até que cacareja\

Para a toda Galileia\

Chuparei um bom pirulito\

Nas festas de fim de ano\

Depois daremos o nosso grito\

Há de se ouvir do outro lado do oceano\

Como uma boa abadessa\

Cuidarei desse duro ofício\

E o frei me obedeça\

Que farei o sacrifício

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 16/12/2014
Reeditado em 16/12/2014
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