O APITO
O APITO
Levei com mais um aumento na prestação da casa. O senhor Ministro retirou à “minha velha” com 82 anos,110 euros mensais da sua reforma de 350 . Surrupiou um subsídio, para o qual descontou durante anos 30 anos, para equilíbrio do Orçamento do Estado.O Primeiro-Ministro Sócrates gasta de telemóvel 120 000 euros por ano.
Como estou suspenso pela dra. Maria José Morgado não posso fazer os meus joguinhos e olha: vendi o apito de ouro (e não dourado). Mudei de casa e vivo numa zona para desalojados ou caloteiros ou para gajos que não querem trabalhar, ou não encontram trabalho. Não estou mal, por acaso. Até que, aqui nesta zona, 90 % dos meus vizinhos recebe o rendimento mínimo e vão-se desenrascando com uns assaltos. Já formámos dois gangs e limitámos os territórios.
Nós até ali , vocês para lá do outro jardim, e a Polícia fica onde está, que está muito bem. Comprei novo apito na loja dos chineses. É de plástico mas tem bom som, e vou fazendo os meus biscates por essas ruas fora. Sinto-me mais leve: já não carrego notas no bolso, a consciência está agora vazia e os ténis do Lidl são menos pesados que as botas do Valentim Loureiro (santo homem que não lhe dão o valor que tem, um homem bom, que até lhe chamam major… por isso deve ter-se sacrificado pela Pátria )… Agora querem-no como bode expiatório, acusando-o de 27 crimes, fora os arquivados em Boa-Hora. Valha-me Deus! Ao que isto chegou!
Nestas condições, deambulo-me pelas ruas tentando umas arbitragens aqui e ali. Ontem, frente à Câmara tive que expulsar uma senhora. Estava completamente fora de jogo: em público abria e fechava o seu vison, armada em exibicionista…Claro, duas apitadelas e… ao contrário do que acontece no campos, não a mandei para a rua, na rua estava ela, mandei-a para casa. Agrediu-me verbalmente, e em Inglês, que por acaso não percebo. Mesmo que percebesse, árbitro dourado não tem ouvidos. A “Mecinha” acabou por não ir para casa. Fui encontrá-la mais tarde noutro “encontro”, frente à Santa Casa da Misericórdia.- “Júlio Freire!!! Júlio Freire!!! Júlio Freire !!! (Nada posso fazer a quem grita! Nos estádios, se tentasse expulsar quem grita… lá ía a rapaziada toda ao meu funeral no dia seguinte). A Mecinha virou de grito: -Marcelo!!! Marcelo!!! Marcelo!!! Fora o Carlos!!! Fora o Carlos!!!
Bom, pelos nomes, calculei que se tratasse de um caso político e aí eu não arbitro. Tenho o rabiosque escaldado desde que votei a última vez para as legislativas. E nunca mais dou opinião sobre os governantes. Posso ouvir uma resposta como a que levei há dias. Lamentava-me, como qualquer cidadão e rematei para a minha vizinha Felisberta (aquela que tem um sapato como telemóvel): -“sabe vizinha? Estou farto deles!” Não é que o raio da velha me respondeu :- Está farto deles? Então corte-os!
Pá, isto não é resposta que se dê a um vizinho! Até nem sou casado!
Por causa destas e de outras resolvi “arrancar ferro” e continuar a arbitrar por aí.
Já apitei na Universidade Independente. Correu mal. Apareceram ao encontro, para além das claques rivais, mais uma claque de braçadeiras e armas nas mãos, polícias e seguranças, guarda-costas em vez de guarda-redes, jogadores com idade de treinadores e até, homenzinhos que pareciam Reitores mas não eram. E eu vi logo que não. Um reitor não usa palavrões. Dois reitores muito menos. Guardei o apito e dei de frosque assim que vi Luz Verde. Nem estive à espera que me pagassem perdendo a oportunidade de sacar algum porque todos se diziam donos daquilo.
Estive também no jogo das Melhores 40 cidades de Portugal, em que o Barreiro até ficou à frente da última, a Amadora mais conhecida pela Porcalhota. O “Estrela” que me perdoe! A coisa correu bem mas, senti um pouco de batota. Não houve porrada, embora tenha expulso o gajinho que anunciou a classificação. Quando falou do BARREIRO pá, o tipo foi aos pormenores que serviram de base à classificação. As pontuações eram de 0 a 100.Comecei a ouvir aquelas notas e a ficar nervoso. Fiquei a sentir-me pior do que naquele tempos em que era corrupto, mesmo inocente. Se dão 50 pontos a Espaços Verdes e 0 (zero) a Alojamento Turístico…vê-se logo que houve ali “mãozinha” de alguém daquela Federação. Zero (0) a Alojamento Turístico? Ena pá! Todas as noites vejo nos bancos dos jardins, pessoas a dormir! Mau turismo? Digam-me: hoje em dia, qual é o hotel que oferece um banco de jardim, com o ar puro da noite, para um turista passar uma soneca ? Citem-me só um.
Em Capacidade de Atracção Estudantil nota: 30. Estúpidos e ceguetas! A malta das nossas Escolas tem uma atracção tão grande e fora do vulgar que se vê logo: esse júri nunca visitou Alburrica fora de horas. Nesta, a cidade merecia 100.
Animação Nocturna: 40. Quando é que essa trupe classificadora esteve aqui a recolher dados? A uma 2ª feira?
Relação com a Água e a Paisagem: 45 …Meus senhores, não me obriguem a partir-lhes a bic. Relação com a Água, era 0.Mesmo zero. Há algum Camarro que tenha uma boa relação com a água?
Com o vinho ainda vá, agora com a água?
Oferta Cultural: 45. É pelo Barreirense estar nos últimos lugares da 2ª Divisão?
Sinalética: 45 ! Minha Nossa! Foram ao Mercado do Peixe, foram? Só aí a vernácula- sinalética merecia, pelo menos 80.
Vamos a outro jogo.
Fui apitar um espectáculo nas piscinas da CARAS. Umas beldades iam disputar (é este o termo) a Taça Diese. Magrinhas, anoréticas e mal encaradas de lábios pintados, esperavam pelo meu apito. Foi rápido. Não sei quem ganhou porque chegaram todas ao mesmo tempo. Confirma-se mais uma vez que o final delas é sempre o mesmo. Fartei-me de rir. No cházinho, servido depois do banho, como eu era o único gordo pediram-me para falar. Guardei o apito e com o dedo em riste aconselhei-as: - minhas queridas, acabem com essas manias. Deixem o peixe, a água e a natação, para estarem em forma. Isso só dá é buraco. E fiz-lhes três perguntas. - Quem passa a vida a comer peixe? Quem passa a vida a beber água? Quem passa a vida a nadar? Não sabem ? Pois eu digo-lhes: as baleias. Agora deduzam e vejam onde se estão a meter.
A assobiadela foi enorme e puseram-me “delicadamente” na rua. Também não tinham força para me empurrar. Ou então empurraram-me e não dei por isso!
Azar meu. Na rua, mesmo à minha frente, quem aparece? Reinaldo Teles (parecia-me ele). Vem direito a mim e de mão fechada aventa:-três para as que vierem contando com as que levas na mão! -Desculpe senhor doutor, mas eu sou reformado e as moedas fazem-me falta. -Tás com medo, é ? É pá, tás com medo ou quê? Já não me reconheces, anh? Quer dizer, lá no Casino SolVerde era tu-cá tu-lá, só abraços, emprestavas-me algum daquele que os outros te passavam para a mão e, agora, que sabes que nem um sofá tenho, finges não saber quem sou… Grandes amigos! A culpada disto é aquela ali. Segui com os olhos “aquela ali”. Por acaso não a conhecia. Não era a doutora Maria José Morgado. Esta é mais bonita: usa um vison, que abre e fecha mostrando a lingerie cor de rosa-isabel. –Olha… não a conheço?... É a Mecinha lá da terra que faz strip e assedia, durante as férias, o pessoal da Câmara e da Misericórdia. A persegui-la o Dr. Marcelo Moniz vociferando :- Não a quero frente à Misericórdia nesse estado. Desde que a senhora anda por aqui, as noites dos idosos passaram a ser autênticos arraiais de “áis.” Você acabou com o Carlos e quer fazer mal aos nossos velhinhos. ALA ! (Ala quer dizer em português, “vai-te embora” - nada tem a ver com qualquer referencia a Deus.)
E a Mecinha alou. Enrolou o seu (dela) vison, meteu a lingerie entre as pernas e foi-se. De cabeça erguida, diga-se.
Eu? Atirei o apito para a sarjeta e fui a esquadra cumprir a ordem que tenho: apresentar-me todos os dias e mostrar que ainda estou vivo e por cá. No posto, o chefe disse-me que havia ali mais uma denúncia. – Contra mim? perguntei. - Sim, respondeu-me o senhor guarda-chefe. - Está aqui uma carta anónima a contar a sua tentativa de apanhar um avião e fugir. - Oh chefe, não tenho um tusto nos bolsos desde que o ladrão por nós eleito tomou conta da pasta e, cartas anónimas não valem nada. –Também acredito …Vá-se lá embora e até amanhã. Já agora: tem visto a Carolina Salgado, rematou ?
Não percebi !
Fui para a barraca. Só não dormi descansado por causa do ladrar daqueles cães que matam Ucranianas. Fechei os olhos às 4 da manhã com um pensamento que não me saía da cabeça: - ainda dizem que cão que ladra não morde ?
-Vá, façam lá o Museu ao António Salazar, mas não se esqueçam de colocar em destaque aquela FAMOSA E QUERIDA CADEIRA…
TÁ BEM ?