A VIDA PRIMITIVA DA PRI!

Desde pequena a menina

sonhava ser grande artista,

mas às vezes é na esquina

que dinheiro se conquista!

A baiana Primitiva

nutrida na tapioca,

logo mostrou que era viva

ao roçar a mandioca!

Aprendeu com uma prima,

o traquejo que diz ter:

"Se cair não a comprima

para não endurecer!"

Notou que a massa crescia,

se tratada com carinho,

mas se rápido a mexia...

Cruzes! Sumia tudinho!

As receitas dos docinhos

da irmã religiosa

do convento e do vizinho

foram-lhe bem valiosas!

Logo cedo foi pra rua,

atraindo os curiosos

Seu cuscus de massa crua

fazia babar melosos!

Sabendo que a propaganda

era a alma do negócio

Pro dono de uma quitanda

trabalhava no seu ócio!

Quando fazia faxina,

arrumava freguesia

pra depois em outra esquina

atender com cortesia!

Uma grande tabuleta

delimitava seu ponto:

"Primitiva da Punheta"

"Prazeres que não lhe conto!"

Vinha gente até de Feira

pra Nazaré das Farinhas

Toda santa quarta-feira

eram tantas... Rapidinhas!

Pra quem não sabe Punheta

é feita com tapioca,

é bem branquinha e porreta,

tirada da mandioca!

Levemente adocicada,

com côco é preparada

Depois frita e lambuzada

em canela açucarada!

Aquele que lhe devia

jamais era maltratado

Pois, fiado ela fazia,

sendo o dote comprovado!

Sua fama ganhou mundo,

apareceu foi freguês

Chegou, porém o Raimundo

querendo tudo de vez!

Prometeu-lhe bom futuro

pela punheta exclusiva

Era grosso e muito duro...

Ih, já era Primitiva!

Iludida, a tal baiana

concordou com o tratado,

achando muito bacana

o tal cabra exagerado!

Caprichava nas punhetas

que ele em suspiros amava

Não sabia das mutretas

que ele na vida aprontava!

Mas num dia de verão,

ela se viu arrasada,

ao notar que do colchão...

Não lhe sobrara mais nada!

A máquina de retratos

sumiu com o vagabundo

A saudade dos maus tratos,

pra sempre, ficou no fundo!

Reclamou ao delegado

que lhe deu bom bofetão

Comeu-lhe o rabo, zangado,

por se meter com ladrão!

Foi chorar com o vigário,

um homem celibatário

Escondido, atrás do armário,

provou-lhe não ser otário!

Maldade na vida abunda,

restando dor e lamento...

Pri com seus panos de bunda,

fugiu montada em jumento!

Dizem que disfarçou o nome,

com vergonha desta estória

Porém, não morreu de fome...

Hoje canta só Vitória!

Pra quem anseia guloso,

pelas punhetas da Pri,

saiba que com ar jocoso,

Pri não está nem aí!