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CANTIGA INARGURÁ
Peço licença, premero,
aos home do português,
gente das faculidade,
pra, nexe meu matutês,
dizê uns velsin’ à toa,
já contando cum vocês.
Adispois, peço aos poeta,
que sabe cantá dereito,
pra num cobrá buniteza
nexes velso, só respeito,
que sou cantadô novato,
nos improviso sem jeito.
Veja, aí, vossemecês,
que num me chamo Jisé,
ou Cazuza nem Ontonho;
sou seu Joãozinho Bilé,
dos quente das Paraíba,
bem nascido in Catulé.
Apois virei retirante,
nos sertão do Ceará,
num ano de seca braba,
sem adonde trabaiá.
Pur isso, pego a viola,
lasco as goela a cantá.
Já sube puxar enxada,
laçá boi, sendo vaqueiro,
e tangê combóis de burro,
só nunca fui violeiro.
Contudo, nas precisão,
me dano a cantá premero.
Nas cantiga, de começo,
posso num ir tão legá,
mas porém, lá nas vindora,
vou botá tempero e sá;
sê munto menos ruim
do que nexa inargurá.
Sem meu Catulé do Rocha,
nas água das Paraíba,
fico mais desmantelado,
a tristeza bate em riba
e minha canção sardosa,
vem vê veneno de briba.
No cacimbão da minh’alma,
munto lateja soidades,
essas dôzinha doída,
que só me bota mardade,
cuma a besta das mulesta,
que só cum reza de pade.
Vossemecês, ‘té agora,
me uvindo minhas lambança,
vai achá que tô de fossa,
que perdi as esperança,
e num nego os meus pecado:
cantadô tombém se cansa.
Cansei de sentir soidades,
esse punhal das paxão,
que vai nas veia dos home
e corta qui nem facão;
o caba luta e num vence,
se esfóça, num tem canção.
Assim, entonce, ‘tou eu,
em cantiga inargurá,
cuma quem tá engasgado,
que nem lôco de hospitá,
da minha nêga sardoso,
doido por ela, afiná!...
Fort., 13/12/2014.
CANTIGA INARGURÁ
Peço licença, premero,
aos home do português,
gente das faculidade,
pra, nexe meu matutês,
dizê uns velsin’ à toa,
já contando cum vocês.
Adispois, peço aos poeta,
que sabe cantá dereito,
pra num cobrá buniteza
nexes velso, só respeito,
que sou cantadô novato,
nos improviso sem jeito.
Veja, aí, vossemecês,
que num me chamo Jisé,
ou Cazuza nem Ontonho;
sou seu Joãozinho Bilé,
dos quente das Paraíba,
bem nascido in Catulé.
Apois virei retirante,
nos sertão do Ceará,
num ano de seca braba,
sem adonde trabaiá.
Pur isso, pego a viola,
lasco as goela a cantá.
Já sube puxar enxada,
laçá boi, sendo vaqueiro,
e tangê combóis de burro,
só nunca fui violeiro.
Contudo, nas precisão,
me dano a cantá premero.
Nas cantiga, de começo,
posso num ir tão legá,
mas porém, lá nas vindora,
vou botá tempero e sá;
sê munto menos ruim
do que nexa inargurá.
Sem meu Catulé do Rocha,
nas água das Paraíba,
fico mais desmantelado,
a tristeza bate em riba
e minha canção sardosa,
vem vê veneno de briba.
No cacimbão da minh’alma,
munto lateja soidades,
essas dôzinha doída,
que só me bota mardade,
cuma a besta das mulesta,
que só cum reza de pade.
Vossemecês, ‘té agora,
me uvindo minhas lambança,
vai achá que tô de fossa,
que perdi as esperança,
e num nego os meus pecado:
cantadô tombém se cansa.
Cansei de sentir soidades,
esse punhal das paxão,
que vai nas veia dos home
e corta qui nem facão;
o caba luta e num vence,
se esfóça, num tem canção.
Assim, entonce, ‘tou eu,
em cantiga inargurá,
cuma quem tá engasgado,
que nem lôco de hospitá,
da minha nêga sardoso,
doido por ela, afiná!...
Fort., 13/12/2014.