O empreiteiro do descaso
Eu construo...
Dos alicerces da ditadura,
até a rampa da “Nova Republica”;
sobre a lama e o lodo,
sobre os grilhões da escravatura.
Sob o deleite dos magistrados
e os inveterados senhores do senado.
As leis que desconheço,
custam-me caro!
Gerson cobra. Eu pago.
E comemora a trupe vil,
outra obra superfaturada;
enquanto a ética e a vergonha (deles)
escoam pelo ralo.
Eu construo...
Na base opulenta e insatisfeita,
as estruturas da falcatrua.
Sou um OPERÁRIO bem requisitado,
conheço os segredos da fonte
e as torneiras lúdicas
por onde jorram torrentes de dinheiro.
E seguem os picaretas pré-fabricados
{nas urnas e nos gabinetes}
com seu engodo e malfadado PAC:
Programa de Ajuda aos Companheiros
ou propalado atributo circense,
ao tolo eleitorado,
a carapuça ou o nariz vermelho.
Fundamentado na camaradagem,
exerço meu ofício de forma direta.
Carta convite – Se houver pressa.
Carta marcada – Licitação indigesta.
Sobrevivo em meio à malandragem,
pois conheço o bom azeite,
que acelera a burocrática engrenagem.
Eu construo...
Auferindo os gestos alheios,
dos Togados, sanguessugas e mensaleiros;
na impunidade, eu também creio.
Sou como um bate-estaca,
firme e impetuoso no apiloamento.
Aos filhos da Pátria... Meu descaso.