CORDEL – Mote – A cobra posso matar – Mas nunca mostrar o pau – 11.11.2014
 
 
CORDEL – Mote – A cobra posso matar – Mas nunca mostrar o pau – 11.11.2014

 
Há um ditado popular que diz que “quem mata a cobra mostra o pau”, melhor dizendo faz a prova da proeza, a fim de que as pessoas possam acreditar. Com inspiração nesse provérbio foi que fiz este modesto cordel, que espero possa agradar aos meus queridos leitores já enraizados e os que porventura queiram me dar a honra de fazê-lo. Meu abraço a todos.
 
Diz um antigo ditado
De cunho bem popular
Quem mata a cobra, coitado,
O pau terá de mostrar
É tarefa de amargar
Não se trata de bilau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(2)
Tem gente que é bom de cobra
Que sabe bem dominar
Sendo pau para toda obra
Nunca que vai se engasgar
Também não vai propagar
É crime em primeiro grau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(3)
E quando numa caçada
Vê o bicho pela frente
Arma logo uma cilada
É caçador competente
Com o rifle a carregar
Ou então com seu au-au (cachorro)
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(4)
Mas sendo uma sucuri
Seu medo vai aflorar
Cobra gigante já vi
O caçador quer obrar
A vontade de atirar
Apossa-se do homem mau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(5)
Vender o couro é proibido
Por toda lei em vigor
Mas caçador é sabido
Leva tudo com humor
Porquanto sabe enrolar
Só quer saber do cacau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(6)
O sujeito com tal medo
O que consegue é tremer
Não adianta arremedo
Tem vontade de morrer
O seu tiro vai errar
E se esconder no calhau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(7)
De tão vermelho que fica
Vem a dor no coração
E se a bicha logo o pica
Vai ter grande comoção
Que pode até enfartar
Já na cor de colorau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(8)
Mas a cobra foi embora
Nem ligando pro perigo
Sujeito forte não chora
Mesmo com dor em umbigo
Mas insiste pra caçar
E tomar o seu mingau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(9)
Conheci um caçador
Aqui mesmo no nordeste
Pra caçar tinha louvor
Era sim cabra da peste
Nele podia apostar
Na cidade de Macau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(10)
Eita que cara arretado
Mira privilegiada
Só andava bem armado
Espingarda carregada
Seu prazer era atirar
Enxergava até lacrau
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(11)
Conheci uma senhora
Que casou com um panaca
Mas quando chegou a hora
Quando viu a jararaca
Crescendo para encostar
Coisa muito natural
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
(12)
Mas em querendo o leitor
Contrário a minha vontade
Eu o faço, por favor,
Na maior agilidade
Todinho posso mostrar
Pois não sou homem do mal
A cobra posso matar
Mas nunca mostrar o pau
 
Vou ficando por aqui, pois seria um não acaba mais.
 
Ansilgus
Imagem: INTERNET/GOOGLE - Em havendo direitos autorais, por favor me avisem, pois retirarei a foto, eis que aqui nós pagamos para publicar e nada recebemos em troca, salvo a amizade dos colegas.


04/12/14 - Miguel Jacó interagiu com muita arte:

Nascida neste sertão,
Uma menina corada,
Cheia de contradições,
Depois de mulher formada,
Com ela hei de casar,
Logo depois do sarau,
A COBRA POSSO MATAR,
MAS NUNCA MOSTRAR O PAU.

Ela foi namoradeira,
Povoou outros terreiros,
Nas esquinas desta vida,
Não será a derradeira,
Outras irão a imitar,
Neste ato colossal,
A COBRA POSSO MATAR,
MAS NUNCA MOSTRAR O PAU.

Apesar desta vertente,
Ela tem fetiche duplo,
Se dar como mas ninguém,
Diz se quiser te chupo,
Mas costumo a dispensar,
Deste processo imoral,
A COBRA POSSO MATAR,
MAS NUNCA MOSTRAR O PAU.

Admiro a esta diva,
Minha esposa e amante,
Todo dia ela me instiga,
Se veste muito elegante,
Da vida vou desfrutar,
Não vejo nada de mau,
A COBRA POSSO MATAR,
MAS NUNCA MOSTRAR O PAU.

Grato grande mestre.



 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 04/12/2014
Reeditado em 09/11/2015
Código do texto: T5058726
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