Zombando da Morte.
Como faz morrer em Minas,
Ou no Rio Grande do Norte,
E sejas qual for as sinas
Que o povo chama de sorte.
Da morte eu faço rimas,
Pois vivo zombando da morte.
Não tenho medo de nada,
De agressor fraco ou forte,
Se for fêmea, digo safada,
Sempre será o meu mote,
E topo qualquer parada,
Pois vivo zombando da morte.
Nasci pobre como Jó,
Nesta vida sem sorte,
Meu sistema é um só,
Deus é o meu suporte,
Sou doce,mas também jiló,
Pois vivo zombando da morte.
Morrer encima da terra,
Seja latifúndio ou um lote,
Neste mundo muito se erra,
Uns com muita, outros sem sorte,
Nesta luta aqui se encerra ,
Pois vivo zombando da morte.
Ao Levar-me num caixão,
Feito de enchó e serrote,
Com madeira de pinhão,
Centrado no meio do corte,
Não ligo, pode largar mão,
Pois vivo zombando da morte.
Ao chegar no cemitério,
Não quero muito fricote,
Quero momento sério,
Do adulto ao filhote,
Mesmo morto sou austério,
Pois vivo zombando da morte.
Lair Estanislau Alves.