Frei Dimão instrui Kathie

Faz logo as tuas abluções

em minha sacra bacia

hoje é dia dos perdões

da carne exposta na sacristia

Dezembro mal começou

e não fizeste o pre-natal

o bendito fruto se anunciou

pra cortar a raiz do mal

Porém para teu regozijo

que se cumpra bem a promessa

uma das coisas que te exijo

regomijo é o que interressa

Soube que fizeste amor

sem te consagrares à vixe

mostrando nenhum pudor

te serviste de sanduíche

Da inocência que ora judias

servindo a Baco e a Alá

uma hora inda entras em frias

quando eu te passar o Torá

Lustraste meu breviário

é pergunta que te faço

enquanto te abro o sacrário

não te iludas nem com Picasso

Batinas que Nanda levou

para cerzir lá nas Oropa

diz ela que bem as lavou

enquanto ia servindo a tropa

Uma tropa de querubins

é bom que se esclareça

enquanto entreténs teus serafins

pra que o pe(s)cado se teça

Achaste o comprido o cajado

a isso chamo de falta de fé

pois esse meu bastão abrasado

sempre se manteve de pé

Aproveita bem a matina

e liga pro correto Macedo

diz que me mande a propina

e que do Leão não tenha medo

Soube que andas com um cara

que, por sinal, é bem escroto

vivendo apenas da vara

com que pe(s)ca, um tal Xoxoto

Proíbo-te desde já

todo tipo de namoro

nem com o Guaraciaba Jajá

vate que vive em santo decoro

E nada nada de cafunés

até que a verdade se apure

tou certo que banhaste teus pés

sob as vistas dum tal Facuri

As tuas sacras entranhas

objeto de tanta folia

andam deveras com manhas

quando sujeitas a anal-orgia

Passa logo nosso café

no meu divino coador

pois a muito já está de pé

o mancebo de tanto valor

Fá-lo assim bem grosso

e sem açúcar até

pra revigorar velho e moço

e para se dispensar o axé

E enquanto se rompe a aurora

nem penses em chamar socorro

e antes de ires embora

sorve todo o divino jorro

Ciosa e conscienciosa, Kathie acede e se acende - em prece, preci-osa:

Lavarei bem a pepequinha\\

Para ficar mais leve\\

E de tanto comeres a canjiquinha\\

Agora serei mais breve\\

Dezembro é o mes do menininho\\

Ele nos conduzirá a luz\\

E depois mostrará o seu pintinho\\

Para a pose que tanto seduz\\

Parraquê tanta porromesa\\

Se depois tu pecas comigo\\

Melhor ter farta a mesa\\

E não mais mostrarei meu umbigo\\

Fiz amor com os anjos\\

Flutuei com suas asas\\

E depois tocaram banjos\\

Por riba da sua casa\\

Faço como as tuas santas tias\\

Que se enfeitam como gatas angorás\\

Cheia de plumas, viu chefia?\\

Dançam no cabaré da sinhá!\\

Tudo em minhas mãos sai brilhoso\\

Oro na língua com muto ardor\\

Pois tu és frei bem portentoso\\

Quando me domas cheio de amor\\

Moça de grande prestígio\\

Caridosa como quê\\

Mas padece nesse ofício\\

De sempre servir a voismicê!\\

E isso parece o estopim\\

para a predileção da boa moça\\

São mansíssimos querubins\\

Mas a mandam lavar a louça\\

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 02/12/2014
Reeditado em 02/12/2014
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