A montanha de amor.

Sou mais forte que muralha

Bem maior que um tornado

Sou um fio de navalha

Mas não causo machucado

Nunca escoo pela calha

Sou o pão do apaixonado.

Sou amor correspondido

Que elimina a solidão

Mesmo ao coração partido

Sempre dou animação

Onde houver muito alarido

Fico em concentração.

Me dão nome de fogueira

Mas não sou tão queimador

Sou suave a vida inteira

Também sou animador

Sigo a juventude ordeira

Sou montanha de amor.

Acompanho o paciente

Nos asilos e hospitais

Sigo o são e o doente

Sigo o filho e os seus pais

Sigo a criança arteira

Além desses, outros mais.

Sou valente e destemido

Quando encontro a solidão

Auxilio o corrompido

Mesmo sem qualquer razão

Como algum fio comprido

Chego sempre ao coração.

Acompanho a mulher nobre

Dou salvas para a parteira

Dou alento ao homem pobre

Dou saúde à lavadeira

Sou o sol que não se encobre

Sou da flor grande touceira.

Sou a sombra da floresta

Sobre o pico da montanha

Sou o trovador na festa

Rio que o deserto banha

Sonho que o sono empresta

Prêmio que a vida ganha.

Sou amigo de pastores

Fortaleza pra meninos

Sou ciência pra doutores

Para alguns dou desatinos

Não preciso de louvores

Porque sou adamantino.

Sou paz pro homem cansado

Proteção para a viúva

Reúno quem é casado

Para o lar sou guarda-chuva

Dou alívio ao empregado

Para o campo eu dou a chuva.

Levo pão para o padeiro

Paciência ao condenado

Sou fornalha pro ferreiro

Abrigo pro enjeitado

Recompensa pro herdeiro

Prece para o ser amado

Fico em paz no meu trabalho

Sei que vou me alimentar

Quando posso quebro um galho

Para alguém eu ajudar

Não caminho por atalho

Tenho alguém a me esperar.

Passei tempo meditando

Sobre a minha ocupação

Quase sempre procurando

A melhor explicação

Talvez até pouco ajudando

Mas ganhei compensação.

Não sei qual a minha sina

Não consigo captar

O que a natureza ensina

No meu lento caminhar

Mas depois de alguma esquina

O saber vai me encontrar.

Mesmo não compreendendo

O que é o universo

Aos poucos vou aprendendo

Vendo o bom e o inverso

No final acabei sendo

Um escrevedor de verso.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 30/11/2014
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