Imagem do Google
SEU LUNGA
Na cidade de Barbalha,
lá no Cariri, então,
neste final de novembro,
foi-se um grande figurão,
popularmente Seu Lunga,
homem de muita invenção.
Pessoa simples, do povo,
contudo um clarividente.
Ágil, de língua afiada,
gente, pois, da nossa gente,
famoso quanto engraçado,
ainda que maldizente.
Fez parte do populário:
sem freios no linguajar,
Seu Lunga foi camarada
da cultura popular.
E ai de quem boba questão
fosse a ele perguntar!
Não tendo papas na língua,
com fama de malcriado,
cedo ingressou no folclore,
além-fronteiras do Estado.
Viveu como sucateiro,
comerciante e zangado.
De perto de Juazeiro*,
a terra de Meu Padim,
duvido que algum vivente
achasse o gajo ruim.
Em vida, pedra noventa,
mesmo malcriado, sim.
Só não lhe fossem pergunta
tola fazer, coisa besta,
que o velho ia à desforra;
dava com o freguês à cesta,
saía com quatro pedras,
dando resposta bissexta.
Aqui não vou narrar uma
das tiradas lunganistas,
que não sei contar piadas.
Sobre o velho, correm listas;
há livretos e cordéis,
letras de bons repentistas.
Quem de Seu Lunga não sabe,
saiba que também sei pouco,
mas sei que foi genial,
e nunca a perguntas mouco.
Só que, para todo mundo,
de pai d’égua era um louco.
Fez matérias em jornais,
revistas, televisões.
Até mídia do estrangeiro
quis do velho opiniões,
e ele tirava de letra,
aos gringos dando lições.
O bom da excelsa figura
é que não se acachapava.
Não fazia corpo mole,
ironias despachava
e, pra qualquer cidadão,
com acidez respostava.
Sem mais conhecer do homem
e da vida do cearense,
quero, por fim, registrar
de Seu Lunga o tal nonsense.
Dele queiram saber tudo;
sugiro e deixo em suspense.
Fort., 24/11/2014.
- - - - -
(*) Na verdade, Seu Lunga nasceu em Caririaçu,
mas viveu a vida toda em Juazeiro do Norte, onde foi sepultado neste domingo, 23 de novembro.
SEU LUNGA
Na cidade de Barbalha,
lá no Cariri, então,
neste final de novembro,
foi-se um grande figurão,
popularmente Seu Lunga,
homem de muita invenção.
Pessoa simples, do povo,
contudo um clarividente.
Ágil, de língua afiada,
gente, pois, da nossa gente,
famoso quanto engraçado,
ainda que maldizente.
Fez parte do populário:
sem freios no linguajar,
Seu Lunga foi camarada
da cultura popular.
E ai de quem boba questão
fosse a ele perguntar!
Não tendo papas na língua,
com fama de malcriado,
cedo ingressou no folclore,
além-fronteiras do Estado.
Viveu como sucateiro,
comerciante e zangado.
De perto de Juazeiro*,
a terra de Meu Padim,
duvido que algum vivente
achasse o gajo ruim.
Em vida, pedra noventa,
mesmo malcriado, sim.
Só não lhe fossem pergunta
tola fazer, coisa besta,
que o velho ia à desforra;
dava com o freguês à cesta,
saía com quatro pedras,
dando resposta bissexta.
Aqui não vou narrar uma
das tiradas lunganistas,
que não sei contar piadas.
Sobre o velho, correm listas;
há livretos e cordéis,
letras de bons repentistas.
Quem de Seu Lunga não sabe,
saiba que também sei pouco,
mas sei que foi genial,
e nunca a perguntas mouco.
Só que, para todo mundo,
de pai d’égua era um louco.
Fez matérias em jornais,
revistas, televisões.
Até mídia do estrangeiro
quis do velho opiniões,
e ele tirava de letra,
aos gringos dando lições.
O bom da excelsa figura
é que não se acachapava.
Não fazia corpo mole,
ironias despachava
e, pra qualquer cidadão,
com acidez respostava.
Sem mais conhecer do homem
e da vida do cearense,
quero, por fim, registrar
de Seu Lunga o tal nonsense.
Dele queiram saber tudo;
sugiro e deixo em suspense.
Fort., 24/11/2014.
- - - - -
(*) Na verdade, Seu Lunga nasceu em Caririaçu,
mas viveu a vida toda em Juazeiro do Norte, onde foi sepultado neste domingo, 23 de novembro.