O vigário

Aqui no agreste tem igreja de branco,

A de preto ainda vão construir,

Enquanto isso tem missa matutina,

E o terreiro acolhe o povão que surgir...

Ouço o vigário a murmurar,

Aquela ladainha,que todo dia as repetia,

E eu pobre vivente, da janela descontente ouvia,

E nunca da memória hei de apagar!

Pense numa figura querida,

Me lembro muito bem,

Lá do terreiro se via todas as casas a visitar,

Agora se prepare meu patrão, para pôr água no feijão!

Oh bichinho pra comer,

Na casa que ele chegar,

Meu amigo pode crer!

Vai filar a bóia e as panela lavar!

Chega de mão abanando,

A todos abençoando que pra o povo não perceber,

Come que só uma draga,

Parece até uma praga, num partido de feijão!

O dízimo ele veio cobrar,

Enche o bornar e sai,

Depois de encher a timba,

Nem oia pra trás!

E ai daquele que não se curvar,

A mão abençoar,

Quando essa figura bendita,

No caminho encontrar!

PARAYBANA
Enviado por PARAYBANA em 23/11/2014
Reeditado em 23/11/2014
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