O Menor Abandonado
Minha vida é um horror
Eu não sei o que é amor
Eu não tenho cobertor
Meu cobertor é o vento,
E quem me ver não me chama
Tem a calçada da fama
Porém a minha, da lama
Calçada do sofrimento.
Falo pouco, só lamento
É bastante o meu tormento
O dia pra mim é lento
A noite muito comprida
Tá bem pouquinho o meu gás
Eu não conheci meus pais
Nem muito menos a paz
Somente vida sofrida.
Mas posso chamar de vida?
Vida é vida bem vivida
A minha, nem parecida
E viver assim compensa?
Mesmo assim, quero viver
Não assim, queira entender
Pergunto para você
Me diga o que você pensa?
Eu sei que tenho doença
Devido a minha aparência
Eu tenho vontade imensa
De sair dessa atoleiro
Nunca gostei de dá trote
Remédio? Água do pote
Espero que alguém me adote
Ser cidadão brasileiro.
Minha cama é papelão
Comida, às vezes, um pão
Peço, mas poucos me dão
Porém nunca roubei nada
Nunca pensei em roubar
E se alguém me adotar
De mim, irá se orgulhar
Terá vida abençoada.